Parto na água é uma opção atraente para muitas gestantes. Uma publicação recente de renomada entidade americana de ginecologistas e obstetras sugere cautela com esta prática
Ficar numa banheira durante o trabalho de parto é uma ideia atraente que ganhou enorme aceitação em diversas partes do mundo. No reino Unido até 1% dos partos tiveram um período de imersão em água. No Brasil as estatísticas de parto com imersão são desconhecidas, mas provavelmente raras. Já em alguns países desenvolvidos, parturientes podem optar por passar uma boa parte do trabalho de parto relaxando imersa na banheira. A justificativa para prática tão simpática está na redução da dor, da necessidade do uso de analgesia e até mesmo do encurtamento da duração do tempo até o nascimento do bebê. Alguns chegam a falar numa transição mais leve e tranquila para o bebe, do mundo intrauterino, onde ele está imerso na bolsa amniótica, para o mundo extra uterino. Parece ótimo, mas uma recente recomendação do ACOG acende sinal amarelo.Neste consenso, os autores alertam que nas fases iniciais do parto nem todos os benefícios da imersão podem ser atribuídos à imersão em si. Talvez parte seja devida aos cuidados especiais que esta gestante naturalmente recebe por ter este tipo de intervenção no parto. Mas a coisa fica mais complicada com os relatos de complicações, principalmente na fase de expulsão fetal. a lista inclui infecção materna e fetal associada à ruptura das membranas amnióticas, dificuldade do bebe manter temperatura estável, prolapso e até rutura do cordão umbilical. E para concluir risco de afogamento. Isso mesmo, afogamento. embora muitos afirmem que o bebe não engole ou respira água pelo reflexo natural do organismo, também conhecido como reflexo do mergulho, estudos em animais e evidências obtidas em bebes que tem a vitalidade comprometida intraútero mostram que eles, os bebes, podem aspirar a água que os circunda. Resumo da história; eles não recomendam a imersão em água, particularmente no momento da expulsão fetal. E recomendam que enquanto novos estudos não esclareçam estas questões, a opção por parto na água seja cercada de muitos cuidados. E que a imersão não atrapalhe todos os cuidados habituais de monitorização materna e fetal que habitualmente fazem parte da assistência obstétrica fora dá água. Finalmente eles sugerem protocolos obstétricos rígidos que incluam, por exemplo, a retirada da gestante rapidamente da banheira para sala de parto no caso de emergência. Com todas estas recomendações, muitas gestantes podem mesmo ficar na dúvida sobre ter o parto na água. É como poderíamos dizer uma verdadeira ducha de água fria. (ACOG American College of Obstetricians and Gynecologists. Committee Opinion No. 594. Immersion in water during labor and delivery. Obstet Gynecol 2014;123:912–5)
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