A Igreja suspende e destitui sacerdotes e padres que prestaram serviço na região
MAYE PRIMERA Miami 1 OCT 2014
O bispo da cidade de Mayagüez ordenou que a notícia fosse anunciada em todas as missas dominicais da localidade de Porto Rico. “O padre Floyd McCoy, Vigário Paroquial do Santuário de Monserrate, foi suspenso de forma cautelar acusado de conduta imprópria com um menor de idade”, dizia a carta lida no domingo 28 em cada liturgia celebrada em Hormigueros, um dos menores municípios da ilha, e assinada pelo monsenhor Álvaro Corrada del Río. Ao mesmo tempo, no estado de Missouri, nos Estados Unidos, um emissário do Papa comunicou o fato ao Bispo de Kansas City, Robert Finn, que agora está sendo investigado por encobrir um caso de abuso infantil já conhecido pela justiça ordinária. Desta forma, a Igreja católica responde às denúncias de abuso infantil envolvendo sacerdotes que serviram na América, após a promessa feita pelo Papa Francisco de castigar e acabar com a pedofilia dentro na instituição.
A suspensão cautelar do padre Floyd McCoy e a investigação aberta contra ele em instâncias civis foram confirmadas na terça-feira pelo reverendo Edgar Acosta Ocasio, porta-voz da Diocese do Mayagüez, e por Amber Lee Vélez, representante do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. “A Divisão de Delitos Sexuais e a promotoria do distrito do Mayagüez investigam as alegações relacionadas ao sacerdote Floyd McCoy”, disse Vélez ao jornal porto-riquenho El Nuevo Día, sem especificar em que data foi registrada a queixa, nem a idade da vítima a que se refere a denúncia.
Floyd McCoy cresceu em Hormigueros, foi ordenado sacerdote em 1984 e, em fevereiro de 2007, foi nomeado responsável pelo maior templo da localidade. “Pertenço a uma das famílias mais antigas da cidade e cresci à sombra do Santuário [de Nossa Senhora de Monserrate]”, escreveu McCoy nas boas-vindas do portal da paróquia na Internet. Ele é o segundo sacerdote de Porto Rico investigado pelas autoridades federais neste ano. O primeiro foi Israel Berríos Berríos, pároco da Igreja São José do Aibonito, detido em 13 de maio por abusar sistematicamente de um coroinha de 7 anos. A imprensa porto-riquenha assegura que outros seis párocos foram expulsos recentemente de duas dioceses do país, e que o Departamento de Justiça pediu à Igreja informação para processá-los criminalmente.
A detenção do ex-núncio apostólico da República Dominicana, Josef Wesolowski, em 22 de setembro em Roma, e a destituição, dois dias mais tarde, do bispo Rogelio Livieres no Paraguai, foram um marco na campanha empreendida pelo papa Francisco contra a pedofilia e em sua política de fazer os culpados serem julgados criminalmente. Até então, Roma tinha tratado os abusos contra menores como simples faltas disciplinares e alegava que não possuía atribuições para processar os sacerdotes que tivessem incorrido nesse tipo de delito em terceiros países. Com base em casos como o do ex-núncio Wesolowski, o Comitê das Nações Unidas sobre Prevenção da Tortura emitiu um parecer em maio deste ano dizendo que a responsabilidade do Vaticano nos casos de pedofilia não se limita a seu território e exortando a Santa Sé a modificar sua legislação para assegurar que cada sacerdote denunciado seja suspenso imediatamente de suas funções.
Na terça-feira nos Estados Unidos, um embaixador do Papa em Washington informou oficialmente ao bispo de Kansas City, Robert Finn, que está sendo investigado pelo Vaticano por ocultar provas de abusos contra crianças. Finn já tinha sido condenado em tribunais civis a dois anos de liberdade condicional por encobrir, por mais de seis meses, o reverendo Shawn Ratigan, também do Missouri, em um caso de pornografia infantil. Finn, o prelado de mais alta posição hierárquica na Igreja dos Estados Unidos a ser envolvido em uma investigação dessa natureza, mostrou-se disposto a “cooperar com o processo”, conforme informou na terça-feira o porta-voz da diocese de Kansas, Jack Smith.
Em Honduras, a Justiça civil investiga outro caso que envolve a Igreja. Na terça-feira, a promotoria da Infância do norte do país emitiu uma ordem de captura para o sacerdote norte-americano Joseph Maurizio, acusado de manter “relações sexuais remuneradas” com seis meninos com idades entre 14 e 16 anos, da localidade hondurenha de El Progreso, conforme informa o correspondente do EL PAÍS, José Meléndez. A promotora Diana Elvir explicou que Maurizio costumava viajar duas vezes por ano à América Central para prestar serviços missionários no Centro Pró-Menor, uma instituição não governamental que oferece refúgio a menores em risco. Segundo Elvir, o sacerdote pagava aos menores acolhidos nesse centro para manter relações sexuais com ele.
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