Um aluno de 13 anos mata um professor: a sociedade tem a obrigação de refletir seriamente
Jovem de 13 anos mata professor em uma escola de Barcelona
EL PAÍS 20 ABR 2015
A morte de um professor causada por um aluno de 13 anos – que também feriu duas professoras e dois estudantes – no Instituto Joan Fuster do bairro de La Sagrera, em Barcelona, é um evento trágico que deve ser analisado com muito cuidado quando forem confirmados todos os detalhes, especialmente os relacionados ao estado mental do agressor. As primeiras avaliações indicam que o menino pode ter sofrido um surto psicótico, caracterizado por uma dissociação do pensamento lógico e uma incapacidade para discernir a realidade. Trata-se, como todos os eventos similares, de algo excepcional, mas isso não deve impedir a análise, nem tampouco levar a conclusões simples ou apressadas.
Apesar de que a situação possa lembrar eventos que ocorrem com alguma regularidade nos EUA, seria inadequado concluir que temos um problema consolidado de segurança nos centros escolares. O fato de que o aluno tenha ido à escola com uma balestra, um punhal, uma pistola e elementos para fazer um coquetel molotov indica que poderia existir um fator de imitação, mas dentro de uma situação mental anômala.
O importante neste caso é que as autoridades docentes analisem se houve sinais de alerta que não foram levados em consideração. Os serviços psicopedagógicos deveriam poder detectar os primeiros sinais deste tipo de transtorno: nos casos de surto psicótico costuma acontecer um processo de criação de uma realidade delirante que pode apresentar sintomas em forma de comportamentos anômalos. É preciso analisar, neste sentido, se o orçamento atual é suficiente para um trabalho preventivo; nos últimos anos, foram reduzidos os meios para estes serviços que afetam a rede pública de saúde mental infantil e juvenil.
Por outro lado, o evento acontece depois de episódios de violência relativamente numerosos contra professores, o que fez com que os sindicatos de docentes pedissem medidas legais de maior proteção. Se for confirmado o transtorno mental, o ocorrido em La Sagrera ficaria relativamente fora desta problemática, mas em todo caso contribuirá, como é lógico, para acentuar a sensação de insegurança.
As autoridades educativas devem levar em conta estas demandas e analisar possíveis medidas adicionais, como a figura da ordem de afastamento de pais que tenham agredido ou ameaçado professores e outras normas, sem cair em reações rápidas tomadas no calor de tragédias como a desta segunda-feira.
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