- 24/03/2015
- São Paulo
Fernanda Cruz - Repórter da Agência Brasil Edição: Stênio Ribeiro
Empresas brasileiras signatárias dos Princípios de Empoderamento das Mulheres no mercado de trabalho reuniram-se hoje (24), em São Paulo, para debater questões que envolvem a igualdade de gêneros no universo empresarial. Os princípios foram elaborados pela Organização das Nações Unidas (ONU), integrando o Pacto Global, e contam com a adesão de 900 corporações pelo mundo. No Brasil, 73 empresas aderiram à proposta e nove estão em etapa final de formalização.
Segundo a representante da ONU para Mulheres, Nadine Gasman, as empresas signatárias buscam estratégias para criação de iniciativas transformadoras. “Os anos demonstram que, no Brasil, houve aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho, mas ainda existe desequilíbrio na questão salarial, como no resto do mundo. Há mais mulheres entrando na força de trabalho, mas, na parte da liderança, ainda há desequilíbrio.”
O problema não é exclusivo do Brasil, disse Nadine. “Em nenhum país, há equilíbrio. Mas há no Brasil uma situação, em que, por um lado, existe uma cultura machista, e por outro, uma cultura racista, como acontece em muitos países. Tem uma população afro-descendente que precisa de ações centradas não somente no sexismo, mas também no racismo”, explicou.
Para a vice-presidenta da Rede Brasileira do Pacto Global, Denise Hills, tais princípios devem ser observados principalmente em empresas nas quais a questão de gênero tem grande relevância. “Em segmentos da economia, como bancos tem-se 50% ou 60% de mulheres em cargos até níveis gerenciais e, provavelmente, menos de 10% em nível de comitês executivos e CEOs [sigla em inglês para chief executive officer ou, simplesmente, diretor-geral]. Como se pode acelerar o crescimento [do número] de mulheres em cargos de decisão?", questionou Denise.
Segundo ela, existem programas de empoderamento e de como promover o empreendedorismo para a mulher, que são importantes. "E a grande agenda que temos no Brasil é como acelerar essa questão”, disse Denise, que também é superintendente de Sustentabilidade do Banco Itaú.
O gerente de Cultura e Valores da empresa Whirlpool, Paulino Hashimoto, disse que a preocupação com a igualdade de gêneros vem aumentando na fábrica, que tem 15 mil funcionários. “Temos um plano de ação que [a empresa] começa agora, de fato, a executar, em grande parte baseado nos sete princípios. A questão salarial ainda temos que investigar, mas, em uma primeira leitura, estamos tranquilos. Se há [disparidade], temos que corrigir. A liderança [pelas mulheres], estamos fazendo crescer”, disse ele. A Whirlpool, que produz eletrodomésticos, é signatária dos princípios da ONU.
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