Contribua com o SOS Ação Mulher e Família na prevenção e no enfrentamento da violência doméstica e intrafamiliar

Banco Santander (033)

Agência 0632 / Conta Corrente 13000863-4

CNPJ 54.153.846/0001-90

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Paulistana pede e empresa muda sistema para evitar assédio por aplicativo de táxi

19/03/2015 -  por Redação Marie Claire

Ana Clara Leite, de 22 anos, diz ter lido e ouvido relatos de outras mulheres que receberam mensagens invasivas após usar ferramenta para chamar táxi. Empresa promete implementar mudança que aumenta segurança em três meses. "Espero que sirva de exemplo para que outras empresas", diz ela
  
Foi depois de ouvir e ler relatos de outras mulheres que foram assediadas após usarem aplicativos para chamar táxis, que Ana Clara Leite, de 22 anos, analista de sustentabilidade em uma empresa de tecnologia, resolveu criar uma abaixo-assinado pedindo que a Easy Taxi, dona do aplicativo que usa com maior frequência, implementasse mudanças para dar mais segurança às usuárias.

“Já sofri assédio em táxis, mas não relacionado a aplicativos. Infelizmente quase toda mulher está sujeita a isso na rua. Mas ouvi relatos de algumas meninas que tinham sido assediadas por mensagem depois de usar o aplicativo. Como cliente de uma empresa, acho inadmissível”, conta Ana Clara.

Ela disse já ter ouvido cantadas de motoristas e ter abandonado uma corrida após o condutor a constranger “contando histórias sobre sua vida sexual”. Com os aplicativos, ela diz, que utilizam dados como endereço e telefone dos clientes, algumas mulheres passaram a receber mensagens invasivas.

Na semana passada, Ana Clara criou uma petição no site Change.org pedindo mudanças para assegurar mais segurança às mulheres que usam os apps. “Estes casos não são a maioria - boa parte dos taxistas são profissionais. No entanto, como usuária da Easy Taxi e pensando no risco que as mulheres vivem, criei este abaixo-assinado para pedir à empresa que adote medidas em seu aplicativo para minimizar esta ameaça”, escreveu.

Em menos de uma semana, a campanha recebeu mais de 27 mil assinaturas, com algumas jovens compartilhando suas histórias de assédio após usarem aplicativos. A empresa, segundo Ana Clara, também entrou em contato rapidamente. “Um dos fundadores da empresa me respondeu em menos de 24 horas, mas era uma resposta genérica. Ele falou sobre medidas que estavam trabalhando, mas nada muito concreto. Atualizei a petição, pedindo que dessem uma solução mais completa, com prazo.”

NOVA FERRAMENTA
Na terça (17), o presidente da empresa, Dennis Wang, entrou em contato com a jovem para falar sobre as medidas que serão implementadas. A mudança consiste num sistema VOIP que permite a comunicação entre taxista e passageira sem que os números de telefone fiquem visíveis. A ferramenta estará automaticamente disponível para todos os usuários em até três meses, segundo a empresa.

Enquanto a mudança não é adotada, foi disponibilizado um e-mail para que os clientes peçam que seu número de celular seja retirado do aplicativo –seguindo a sugestão de Ana Clara. Para isso, o usuário deve mandar uma mensagem para telefone@easytaxi.com.br pedindo a retirada de seu número.

À Marie Claire, a empresa informou ainda que os taxistas são treinados para seguir a política de conduta do aplicativo e, caso não respeitem as normas ou recebam avaliações negativas dos passageiros, podem ser suspensos temporariamente ou em definitivo do uso do aplicativo. 

“Em casos de denúncia por email (contato@easytaxi.com.br) ou telefone (11 4003 2498), o taxista é suspenso imediatamente. Em seguida, o caso é investigado – assim reduzindo o risco de reincidência. Caso o taxista seja isento de culpa, ele é desbloqueado.  Mais de 15% dos taxistas cadastrados na ferramenta já foram/estão suspensos, garantindo, assim, um melhor serviço para os passageiros”, diz a nota.

Surpresa com a repercussão do abaixo-assinado, Ana Clara comemorou o resultado em mensagem postada nesta quarta. “Esta vitória é um grande passo para dar mais segurança às mulheres, mas ainda há outros passos a serem vencidos, como combater o assédio durante a corrida de táxi e em outros momentos no dia-a-dia que afetam a todas nós. Espero que sirva de exemplo para que outras empresas de táxi adotem medidas para prevenir a violência e o assédio contra mulheres e punir quem faz isso.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário