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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Uma roda de água? Como ninguém pensou nisso antes!


Se der certo, não veríamos mais a imagem de mulheres e crianças carregando a água na cabeça. A invenção permite empurrar 50 litros, economizando tempo e problemas de saúde


 15 OCT 2014

A roda de água permite transportar mais litros e com
 melhores condições para a saúde. / 
WELLO
Parecia que o transporte de água estava todo inventado, desde os aquedutos romanos até a automação residencial mais sofisticada. Mas não é verdade. Uma em cada seis pessoas no mundo ainda gasta 25% de seu tempo diário para carregar recipientes de 20 litros na cabeça, percorrendo em média oito quilômetros. Qualquer coisa que de maneira simples melhore esse processo de tempo, saúde ou comodidade é uma grande invenção que, do meu ponto de vista, se transforma em um bem para a humanidade.
Isso é o que a Wello, com sua WatherWheel, tenta conseguir: criou uma roda que permite que qualquer pessoa empurre a água ao invés de transportá-la com baldes na cabeça.
Os criadores estimam que é possível economizar até 35 horas por semana no transporte de água e impedir os problemas físicos – dores nas costas, de cabeça e até problemas no parto – resultantes de carregá-la todos os dias. Libera um tempo precioso – 35 horas por semana! – que permite às crianças irem para a escola e às mulheres realizarem trabalhos que gerem renda para melhorar o orçamento familiar.
Além disso, houve um efeito inesperado: a invenção conseguiu uma popularidade sem precedentes entre os homens que veem a roda de água como um utensílio de trabalho. Ir buscar água já não é um trabalho “feminino”, no sentido pejorativo, já que requer o uso de uma ferramenta. Segundo Cynthia Koenig, fundadora da Wello e empreendedora social de Nova York, “os homens adoram usá-la, o que faz com que as mulheres possam se dedicar a outras coisas. Ou dividem o trabalho e eles a utilizam quatro dias por semana e elas, dois. Isso reduziu significativamente a carga de trabalho das mulheres”. Além de ter dignificado essa atividade, acrescentou.
Apesar de a roda parecer muito simples, a WatherWheel ainda se encontra na primeira fase de desenvolvimento. Um produto piloto foi testado nas comunidades rurais da Índia, onde realizaram mais de 1.500 entrevistas com possíveis clientes.
Como para qualquer empresa, por melhor que seja a ideia, ainda falta um longo caminho para converter-se em uma companhia social rentável. No momento, está seguindo os passos necessários para ser um sucesso.
WaterWhell cobre uma necessidade clara das pessoas mais pobres melhorando sua vida. Segundo a OMS, um bilhão de pessoas vive, pelo menos, a um quilômetro e meio de uma fonte de água potável. Por dia, 200 milhões de horas são gastas recolhendo água no mundo, sendo as mulheres as que usam 25% de seu dia fazendo o trabalho e, além disso, de forma prejudicial para a saúde.
Portanto, o produto cobre melhor a necessidade do que as alternativas existentes, já que permite transportar 50 litros de uma vez, de três a cinco vezes mais rápido do que com os métodos tradicionais. O transporte é feito de forma higiênica, com uma tampa projetada para que a água não volte a ser contaminada na hora de usá-la. A estratégia mais segura para reduzir a diarreia, de acordo com a OMS
A invenção pode economizar até 35 horas por semana no transporte de água e evitar muitos problemas de saúde
É preciso acrescentar que foi projetado com a colaboração de usuários e feito com plástico de alta qualidade, seguro para o uso humano e capaz de resistir ao terreno mais agreste. Nesse processo, da roda inicialmente idealizada, de 100 litros, passaram para a atual, de 50, muito mais fácil de manejar. O formato, além disso, lembra omatka (recipiente habitual para recolher água na Índia) e que significa “água limpa”.
Certamente, torná-la acessível está entre as prioridades da empresa. Hoje, a Wellowater custa de 20 a 30 dólares (48 a 73 reais), com produção local na Índia. É, entretanto, um custo alto para os mais pobres, mas, do meu ponto de vista, poderá ser barateado até chegar em uma certa escala. E seria importante poder financiar a compra do produto associado a um programa de microcréditos.
Os clientes dirão se é uma boa ideia.
María López Escorial é professora no Instituto de Empresa desde 2002 e consultora independente especializada em mercados da base da pirâmide e soluções empresariais para combater a pobreza.

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