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sábado, 5 de novembro de 2016

Sustentabilidade: Redes de Desenvolvimento Local

1 DE NOV DE 2016

A Importância das Redes de Desenvolvimento Local para a Sustentabilidade

Hoje os desequilíbrios sociais e ambientais ameaçam o desenvolvimento seguro e saudável de nossa sociedade. Por isso, muitas estratégias estão sendo usadas por governos, empresas e instituições sociais para a promoção da sustentabilidade. Entre essas estratégias destacam-se as Redes de Desenvolvimento Local. Essas Redes são organizações autônomas entre os vários setores do Estado, empresas e inúmeras instituições da sociedade civil, que se articulam em determinadas regiões, na busca do desenvolvimento sustentável e da qualidade de vida.

Com a globalização, fica cada vez mais evidente e direta as conexões existentes entre a realidade Local e Global. Como diria Milton Santos, Cada Lugar é o Mundo. Percebemos, através dos noticiários internacionais, como os efeitos do aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, o Crescimento do PIB da China, ou um conflito no Oriente Médio pode afetar diretamente as nossas vidas. No entanto, percebemos pouco as conexões existentes entre as nossas ações diárias e as decisões que são tomadas mundialmente. Nossas decisões de consumo norteiam os investimentos das empresas na produção, no design dos produtos e na busca por sustentabilidade. Em uma sociedade fortemente influenciada pelos meios de comunicação, nossa reação ao que é apresentado, através da audiência radio televisiva, no acesso aos sites, ou no consumo de jornais e revistas, entre outras formas de comunicação, também direcionam a produção destes conteúdos midiáticos. Nossa participação na política, não só nos momentos eleitorais, mas no acompanhamento e pressão diária sobre os que ocupam cargos públicos, determinam nosso modelo de Estado. A redução no consumo de água, energia, a reciclagem do lixo que produzimos, a substituição do automóvel pela bicicleta e pelo transporte público, tem impacto significativo na preservação do o meio ambiente. Sabemos como a prática de exercícios físicos, os bons hábitos de higiene e uma alimentação de qualidade melhoram a saúde e tem impacto direto na redução do número de doenças de todos os tipos. Muitos estudos também mostram como a participação da família e da comunidade na escola ajudam a melhorar os indicadores de qualidade na educação. Bairros mais solidários e com maior presença do Estado e de políticas públicas são menos violentos. A educação no transito diminui significativamente o número de acidentes, o que tem impacto até na previdência social. Enfim, boas práticas mudam o mundo. Gente desconhecida realizando ações aparentemente insignificantes mudam o mundo. 

Com objetivo de estimular essas boas práticas é que surgem as redes de desenvolvimento local. E o melhor lugar para promover boas ações de todos os tipos é o bairro, a região em que vivemos, através dos equipamentos públicos, das organizações da sociedade civil, das empresas e das pessoas de boa vontade que já realizam algum tipo de ação socioambiental nesse território. As redes de desenvolvimento local surgem para ajudar a articular, organizar, otimizar e impulsionar essas ações, pessoas e organizações.

Muitos urbanistas dizem que as cidades modernas são repletas de “não lugares”, ou seja, espaços onde as pessoas estão, mas quase não estabelecem nenhum tipo de relação social ou afetiva. Alguns exemplos são o pátio de uma rodoviária ou um saguão de hotel ou aeroporto. As redes de desenvolvimento local se propõem a transformar os espaços em “ Lugares” de convivência, onde as pessoas interajam, discutam seus problemas e busquem soluções de forma coletiva. Promovam a cidadania, o bem comum, realizem ações concretas através de projetos diversificados e busquem o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida para a região onde vivem. 

Entre as inúmeras vantagens que essa forma de organização pode trazer destacamos:  Qualificação das organizações para uma melhor intervenção em seus territórios; promoção de uma cidadania ativa entre os moradores da região; troca de experiências positivas dentro das redes e formação de parcerias para a execução de projetos;  estimula o trabalho cooperativo; potencializa núcleos já existentes de fomento a saúde, educação, cultura, esporte, geração de emprego e renda, combate a violência e ao tráfico de drogas, entre outros.     
 
Em Campinas muitas regiões já possuem esse tipo de organização, como a Rede Social da Região do São Quirino, a Intersetorial do Campo Grande, a Rede Abraço na região dos Amarais, São Marcos e Santa Mônica, entre outras. Em outras regiões novas redes precisam ser criadas e as Redes já existentes podem ser incrementadas com novos participantes e novas práticas.   

Assim os representantes dos equipamentos públicos e sociais presentes em cada região como escolas e postos de saúde, com seus diretores, professores, coordenadores e agentes, os gestores de ONG’s e educadores sociais, os diretores de associações de moradores e demais lideranças comunitárias locais, os líderes de todas as religiões bem como os agentes de pastoral, os proprietários ou representantes de empresas que querem desenvolver ações sociais junto à comunidade local e todas as pessoas de boa vontade, podem e devem se organizar em Redes de Desenvolvimento Local. Essa articulação trará ganhos fantásticos para a comunidade local e junto com milhares de outras Redes, ajudará muito na construção de uma sociedade melhor, mais sustentável, com mais justiça social, econômica, educacional, cultural e ambiental.     

Adolf Deny Motter Florencio
Doutor em Ciências Sociais PUC SP
Mestre em Urbanismo PUC Campinas
Professor de Ética e Responsabilidade Social Empresarial na CEA PUCC 

Programa Rede Social Senac 

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