A intervenção aconteceu na última terça-feira (26). As meninas ocuparam até mesmo o espaço da sala dos professores do prédio da faculdade de arquitetura. Os cartazes contém frases que as alunas costumam ouvir de seus professores e a hashtag#EsseÉMeuProfessor.
De acordo com a publicação do Facebook do Coletivo, todas as frases foram confirmadas por pelo menos duas testemunhas.
"Todas as frases são reais e foram confirmadas por pelo menos duas testemunhas. Reunimos relatos de meninas que se sentiram impotentes e não souberam reagir a agressões verbais por estarem sozinhas"
Em entrevista ao HuffPost Brasil, Lela Brandão, uma das fundadoras do coletivo, disse que a ação começou após um professor fazer uma piada sobre estupro em sala de aula, o que gerou comoção entre as alunas.
"A partir disso, começamos a nos reunir pelo Coletivo e discutir coisas que ouvimos em sala de aula, e vimos que os comentários machistas são muito mais comuns do que acreditávamos (e gostaríamos)", conta.
E explica:
"Decidimos, então, reunir todos esses relatos e escancarar eles pela faculdade, para passar a mensagem de que estamos de olho e não vamos mais tolerar esse tipo de atitude e postura em um ambiente acadêmico."
Fernanda Corsini, outra integrante do coletivo, disse que alguns professores se incomodaram com a intervenção e chegaram a falar que foi um "exagero" por parte delas.
"O importante é que fomos ouvidas e deixamos avisado que não vamos mais nos calar".
Sobre a ação das alunas, a assessoria de imprensa da Universidade Presbiteriana Mackenzie disse que está organizando um seminário cujo tema será "Gênero e Preconceito". Além disso, afirmou que respeita a liberdade de pensamento e o debate democrático.
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Leia o comunicado na íntegra:
O mural realizado pelos alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo demonstra sua preocupação com o tema e a importância da discussão sobre intolerância no Brasil hoje. No seio desta questão, a escola informa que está organizando um seminário sobre “Gênero e Preconceito”, que será realizado ainda no mês de maio.O Mackenzie orgulha-se por formar cidadãos críticos e atuantes, que discutem os problemas do dia a dia da sociedade. Também respeita a liberdade de pensamento e o debate democrático, presente entre as milhares de pessoas que transitam todos os dias pelos seus campi.
Como tudo começou?
O professor e arquiteto, Paulo Giaquinto, que leciona urbanismo no Mackenzie, debochou em sala de aula das acusações de estupro feitas contra o médico Roger Abdelmassih -- condenado a 278 anos de prisão, em 2010, por ter estuprado e violentado 56 pacientes.
De acordo com a denúncia, feita no dia 21 de abril, disponibilizada pelo UOL, "Giaquinto comentou, em tom de deboche, sobre como o médico não tinha praticado o crime de estupro, pois 'o contrato dizia reprodução assistida' (sic)".
Ainda segundo o texto, algumas alunas foram conversar com o professor ao final da aula sobre o ocorrido e ouviram que não passava de uma "piada" e que "uma coisa é certa: muitas mulheres se aproveitaram da situação com denúncias falsas".
A reportagem afirma que a presidente do diretório acadêmico de arquitetura, Victoria Braga, encaminhou a denúncia em uma nota a todos os estudantes da Universidade no mesmo dia.
No dia 22, o diretor do curso, Valter Caldana, respondeu ao diretório que o professor formalizaria um pedido de desculpas, reforçou que a faculdade repudia "qualquer manifestação de cunho racista, sexista ou preconceituoso", mas não comentou sobre qualquer penalidade ao professor.
Sobre a investigação do caso e possíveis penalizações, a assessoria da Universidade afirmou também ao UOL que "o processo corre trâmite interno. As circunstâncias estão sendo apuradas para subsidiar as possíveis providências."
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