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segunda-feira, 22 de abril de 2013


Mau humor pode impulsionar mudanças, mas deve ser controlado 

Marina Oliveira e Rita Trevisan
do UOL, São Paulo


Quem nunca acordou irritado, disposto a implicar com a primeira pessoa que cruzasse o seu caminho e até a responder mal a quem se atrevesse ao simples ato de cumprimentá-lo? É quando o mau humor toma conta. Em tempos de trânsito caótico, trabalho em excesso e agenda apertada, esses ataques repentinos são até esperados. "A restrição de sono, o abuso de bebidas alcoólicas, o descontentamento nas relações afetivas e profissionais e as doenças crônicas, sobretudo as que causam dor, estão entre as principais causas do mau humor", atesta o psiquiatra Fernando Fernandes, do Programa de Transtornos do Humor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. 

Ao contrário do que se imagina, no entanto, o conjunto de emoções negativas que caracteriza o mau humor não traz apenas desvantagens. Muitas vezes são justamente a raiva, a intolerância e a impaciência que predispõem o indivíduo a agir de forma mais estratégica. "Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de New South Wales, na Austrália, mostrou que uma pessoa mal humorada pode lidar melhor com desafios do que uma pessoa feliz", relata Fernandes. Tem mais: segundo os especialistas, a irritação pode se tornar uma mola propulsora para o indivíduo colocar em prática as mudanças que vem desejando há tempos. "Às vezes, a pessoa precisa ficar extremamente irritada para ter motivação suficiente para mudar a sua realidade", completa a psicóloga Lilian Graziano.

O outro lado
Este mau humor que impulsiona só funciona quando é esporádico e acontece em situações específicas e cultivar sentimentos de intolerância e raiva por muito tempo acaba repercutindo na saúde. "Quando uma pessoa está mal humorada, qualquer sinal do ambiente que possa representar uma ameaça ao bem-estar, como uma fechada no trânsito, por exemplo, estimula as glândulas suprarrenais a produzirem hormônios relacionados ao estresse", explica o neurocirurgião Fernando Gomes Pinto, autor do livro "Você Sabe Como Seu Cérebro Cria Pensamentos?" (Editora Segmento Farma). Ou seja, adrenalina e cortisol mantêm o corpo num estado de alerta constante e, com isso, provocam o aumento da pressão arterial, da frequência respiratória e dos batimentos cardíacos. "A digestão também fica mais lenta e o sistema imunológico, enfraquecido", acrescenta. 

De acordo com um estudo coordenado pelo braço nacional da Associação Internacional de Gerenciamento do Estresse (ISMA BR), 85% das pessoas mal humoradas tendem a apresentar bruxismo ou ranger de dentes, 68% têm dificuldade de se concentrar e 42% apresentam algum distúrbio de sono. "O mau humor afeta diretamente a eficiência da respiração. Como consequência, a pessoa não consegue mais oxigenar o cérebro corretamente e é comum surgir uma sensação contínua de cansaço", alerta a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da entidade no Brasil. A falta de oxigênio também pode atingir os músculos e, nesse caso, o irritadiço crônico passa a ter formigamentos e câimbras na parte inferior do corpo. 

Quando o mau humor perdura por mais de dois anos, ele muda de nome e passa a ser conhecido por distimia. A doença é caracterizada como um estado depressivo leve e prolongado, associado a outros sintomas, a exemplo das alterações no apetite e no sono, da baixa energia, da fadiga, da falta de concentração, do pessimismo e da ausência de prazer na vida. "O indivíduo que tem distimia enxerga o mundo como se estivesse usando lentes cinza. Em geral, ele é produtivo, consegue tocar a própria vida, só que é como se todos os seus dias fossem chuvosos", exemplifica Lilian. Neste caso, o tratamento inclui medicamentos e psicoterapia. 

No contra-ataque
Para evitar que o corpo e a mente padeçam com o mau humor crônico, a dica é combater a irritabilidade assim que ela surge, cultivando sentimentos positivos, que acabam funcionando como poderosos antídotos. "A alegria é vista como consequência de um estado de humor positivo. Mas, na verdade, ela é a geradora do bom humor. Não dá para esperar o dia em que você vai acordar bem para ser feliz. Você tem que tentar ser feliz e, como consequência, ficará muito bem", destaca Lilian. Outros sentimentos positivos como prazer, gratidão, perdão e esperança devem ser exercitados para não dar vez à insatisfação, à mágoa e ao pessimismo. 

Um bom banho matinal, por mais simples que pareça, também ajuda a prevenir a irritação. "Favorece o despertar e provoca uma sensação calmante antes de qualquer potencial conflito", garante o neurocirurgião. Tomar café da manhã é outro hábito saudável para o corpo e para a mente, já que a refeição ajuda a repor os níveis de glicose e serotonina, o neurotransmissor que regula o humor. Para passar mais tempo de bem com a vida, ainda vale incluir atividades físicas na rotina e perseverar no propósito de atingir as suas metas pessoais. "As pessoas acham que ser feliz é uma questão de sorte, mas é preciso batalhar pela própria felicidade. É necessário descobrir o que o incomoda e ser persistente para resolver o problema", afirma Lilian. 

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