Parlamento da França aprova casamento entre pessoas do mesmo sexo
País será o 14º do mundo a legalizar a união. A votação provocou tensão e confrontos violentos
REDAÇÃO ÉPOCA, COM AGÊNCIA EFE
Os deputados franceses adotaram nesta terça-feira (23) de forma definitiva o texto que legaliza os casamentos entre pessoas do mesmo sexo, com os votos a favor da esquerda e contra da oposição conservadora.
A direita anunciou que recorrerá perante o Conselho Constitucional, que deverá se pronunciar nas próximas semanas, antes de a lei entrar em vigor, o que é previsto para os próximos meses.
O texto foi aprovado com 331 votos a favor, dois a mais que na primeira leitura, enquanto votaram contra 225, quatro menos que na votação anterior.
Pouco antes da votação, o presidente da Assembleia Nacional, Claude Bartolone, obrigou a retirar a tribuna de convidados pelos gritos dos opositores à lei e com o argumento de que "os inimigos da democracia não têm nada para fazer no plenário". Uma vez adotada, a maior parte dos deputados da direita abandonou a câmara, enquanto os da esquerda, de pé, aplaudiam e gritavam "igualdade!".
A ministra da Justiça, Christian Taubira, "madrinha" do texto, disse estar "cheia de emoção" diante o "avanço histórico" que significa a aprovação dessa lei. "Sabemos que não tiramos nada de ninguém, demos um direito a pessoas que não o tinham. É um texto generoso", disse a ministra, que se emocionou especialmente quando lembrou "os adolescentes que foram vítimas de violência por sua orientação sexual". "Quero dizer que têm todo o seu espaço nesta sociedade, sem ter que se preocupar por seus gostos, por sua orientação sexual. Não tenham medo nunca mais, vocês não têm nada para censurá-los."
A análise do tema provocou tensão na França. Nesta segunda (22), o presidente da Assembleia Nacional recebeu uma carta de ameaça assinada por um grupo chamado Interação de Forças Armadas (Ifo), que previa "sofrimento físico" aos deputados socialistas que não aceitassem seu "ultimato" de retirar a lei antes da votação.
No envelope da carta foi encontrado um pó escuro que, após análise a polícia descobriu ser pólvora de munição. A carta termina com uma ameaça: "Nossos métodos são mais radicais e rápidos que as manifestações. Vocês quiseram guerra e terão". O tom do texto difere do usado pelos organizadores das manifestações contra o casamento homossexual, que fizeram questão de se distanciar de incidentes violentos registrados nos últimos dias em Paris.
O coletivo "La Manif Pour Tous" (A Manifestação Para Todos), frente dos opositores ao casamento gay, disse que não relaxará a pressão das manifestações, que continuarão assim que a lei entrar em vigor. Por enquanto, foi convocada uma nova concentração para o próximo dia 5, véspera do aniversário da eleição de Hollande como presidente, e outra para 26 de maio, dia das mães.
Assim que o texto for ratificado por Hollande, a França terá se tornado o décimo quarto país do mundo que autoriza duas pessoas do mesmo sexo a se casarem.
A possibilidade foi inaugurada em 2001 na Holanda e, posteriormente, adotada por Bélgica, Espanha, Canadá, África do Sul, Noruega, Suécia, Portugal, Argentina, Islândia e Dinamarca.
Uruguai e Nova Zelândia se somaram neste ano a esse grupo de países, e o Reino Unido tem trâmites parlamentares muito avançados para aprovar a lei, também presente em uma dezena de estados dos Estados Unidos, além de alguns do Brasil e do México.
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