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sábado, 27 de abril de 2013


Contos de fadas são chave para compreensão do mundo, diz pesquisador

Com narrativas antigas adaptadas aos dias de hoje, contos de fadas estão bastante presentes na literatura, cinema e televisão, comenta o pesquisador Wolfgang Mieder, vencedor do Prêmio Europeu de Contos de Fadas de 2012.
Os contos de fadas não estão sendo esquecidos, muito pelo contrário. Hoje em dia, eles costumam servir de inspiração para uma quantidade razoável de filmes, livros e séries de televisão. Ou seja, o mercado é enorme. "Isso faz com que, por outro lado, cada um leia uma história diferente e acabamos não conhecendo os mesmos contos de fadas. O elemento de ligação falta neste caso", analisa Wolfgang Mieder, pesquisador do assunto. Mieder vê, porém, o futuro do gênero com otimismo. Ele acredita que os contos de fadas terão um lugar garantido no imaginário do futuro, embora a forma como são contados seja, para ele, motivo de preocupação.
Vencedor do Prêmio Europeu de Contos de Fadas em 2012, Mieder pesquisa há mais de 40 anos a respeito da importância e da disseminação dos contos de fadas. De cidadania alemã e norte-americana, ele cresceu em duas culturas e se sente em casa nos dois países. A influência dos contos de fadas alemães no mundo é grande, garante o pesquisador. "Os contos de fadas alemães têm, como sempre tiveram, uma grande importância. Não há praticamente nenhum país, no qual os contos dos Irmãos Grimm, por exemplo, não estejam presentes", diz Mieder.
Embora as narrativas antigas sejam adaptadas ao momento presente, os contos de fadas mantêm, geralmente, seu cerne original. "Os contos mágicos, com seus finais felizes e didáticos, são os que acabam sendo sempre escolhidos. É claro que eles contêm sempre algo do mal, mas a beleza do conto de fadas está no fato de que sempre há uma certa justiça e que o bem acaba vencendo", completa.

Fábulas refletem problemas arquetípicos
Wolfgang Mieder
O princípio do bem e do mal está também presente em sagas modernas, como Harry Potter, por exemplo. É isso que fascina os adolescentes e os leva à leitura. Trata-se do mesmo esquema, em diversas variações, do princípio mais simples do mundo. Mieder lembra seu conto preferido para explicar a questão: "Valores como a esperança e a justiça, que sempre chegam ao leitor, são transpostos", analisa o pesquisador.
Mas não é só isso. Segundo ele, os contos explicitam verdades sobre o ser humano, o que os torna atemporais e independentes de universos culturais específicos. "Nos contos estão representados os problemas arquetípicos do ser humano, mas através de uma linguagem poética e simbólica. Assim podemos nos identificar para além das fronteiras entre as culturas", conclui Minder.
Sua predileção pelos contos de fadas alemães e pelo idioma do país foram descobertos mais tarde. Depois de concluir o ensino médio, ele, alemão de nascimento, mudou-se para os EUA, a fim de se tornar matemático. No entanto, um seminário de etnologia o empolgou a ponto de tomar a decisão de se aprofundar em assuntos ligados à cultura. E isso no país no qual ele havia optado viver: nos EUA.
Assim, lembranças antigas de seus tempos na Alemanha eram recorrentes: "Nos anos 1950, ao comprar margarina, você recebia de presente algumas figurinhas coloridas, que você ia juntando com esforço e depois colando em álbuns. Foi nesses álbuns que descobri o universo dos contos", relata o pesquisador.

Efeitos que independem da cultura
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Hoje em dia, a coisa é diferente: na era digital, a disseminação dos contos mudou. "O que antigamente demorava décadas, hoje espalha-se com uma rapidez absurda. A questão é só saber se os novos contos e provérbios vão continuar sobrevivendo. Em sua maioria, eles desaparecem com rapidez. Mas na internet dá para perceber exatamente qual será a repercussão de uma coisa", observa Minder. O fato de que histórias podem ser acessadas de qualquer lugar surte efeitos sobre a narrativa, acredita.
Hoje em dia, as histórias quase não são mais contadas, mas em primeira linha consumidas, seja no cinema, na TV ou na internet. "Se você pedir para alguém contar um conto de fadas no meio da rua, quase não vai achar alguém. Embora conheçamos os contos, não estamos mais acostumados a contá-los", conclui Minder.

Outras narrativas, outras expectativas
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As expectativas também mudaram muito no que diz respeito à linguagem visual e ao ritmo da narrativa. Os filmes têm se tornado mais rápidos e o contexto, bem como as narrativas, mais complexos. A superprodução corrente de contos de fadas tornou o aspecto comunitário do "contar histórias" obsoleto. No entanto, Minder observou recentemente uma nova onda consciente de resgate do "contar histórias" nas escolas alemãs.
Isso é também importante, diz o pesquisador, "a fim de mostrar aos jovens que algo os une. Ao observar a política atual, surge a pergunta: podemos sobreviver hoje, sem ajudar os outros? Acho que os contos fornecem uma resposta simples para isso através de respostas como disposição em ajudar, altruísmo e coragem de dividir.

Respostas a questões atuais
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Wolfgang Mieder tem mais de 200 publicações e em torno de 500 artigos sobre o assunto fábulas, sagas e provérbios. Ele é professor de Filologia Alemã e Folclore na Universidade de Vermont. "Nas minhas aulas, quero sobretudo favorecer o acesso pessoal dos estudantes aos contos de fadas. Por que lemos um conto? Quais são os sistemas de valor ali representados? Em minha pequenez, procuro ser um mensageiro dentro da ciência e também um mediador entre culturas", diz ele.
Mieder prima pela modéstia. Apesar dos diversos prêmios internacionais, ele não tem bem certeza de ter de fato merecido o prêmio que recebe agora. No entanto, é possível que quase não exista ninguém que tenha influenciado a pesquisa sobre fábulas e provérbios de maneira tão veemente quanto ele.

Nesta quinta-feira (13/09), Mieder receberá o Prêmio Europeu de Contos de Fadas, em Volkach, nas proximidades de Würzburg, no sul da Alemanha.

Autora: Charlotte Hauswedell (sv)
Revisão: Carlos Albuquerque

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