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terça-feira, 23 de abril de 2013



O machismo também prejudica os homens

Regina Navarro Lins

Um homem mostrando a força
Ilustração: Lumi Mae

Comentando a Pergunta da Semana

A maioria das pessoas que respondeu à enquete da semana acredita que o homem machão está perdendo o prestígio. Ainda bem. Isso é bom para a mulher e principalmente para ele próprio. Os homens estão esgotados, exaustos de serem cobrados a corresponder a um ideal masculino inatingível. Sentem-se obrigados a ser forte, ter sucesso e nunca falhar.
Desde pequenos os homens são desafiados a provar sua masculinidade. Nunca relaxar para sempre ser considerado macho gera angústia, além de sentimento de inferioridade entre eles.
Nas sociedades patriarcais ser homem requer um esforço sobre-humano. Ele é tão emotivo e sensível quanto a mulher, mas aprende que para ser macho não pode chorar. Tem que ser agressivo, não ter medo de nada e, mais do que tudo, estar sempre pronto para o sexo.
Como defesa contra a ansiedade que essas exigências provocam, e para encobrir o sentimento de inferioridade por não alcançar o ideal masculino, eis que surge o machão. Sempre alerta, seu objetivo é deixar claro que despreza as mulheres, os homossexuais e é superior aos outros homens.
Até o movimento de emancipação feminina, há 40 anos, o machão ainda agradava às mulheres. Os papéis sociais masculino e feminino eram claramente definidos. As mulheres se conformavam em apenas expressar características de personalidade que lhes eram atribuídas: meiguice, gentileza, fragilidade, indecisão. Ocultando quaisquer outras que estivessem ligadas a coragem, força, decisão, elas se mutilavam. Sabiam que seriam repudiadas. Assim, valorizavam homens também que só expressavam uma parte de si: força, agressão, coragem, desafio, poder.
Acontece que, a partir daí, as mulheres passaram a se sentir no direito de ser mostrar por inteiro. Podiam ser fracas, mas também fortes, dóceis e agressivas, indecisas e decididas, medrosas e corajosas, dependendo do momento e das circunstâncias. O caminho natural foi desejar se relacionar com homens que pudessem ser inteiros também, que assim como elas não mais precisassem reprimir vários aspectos da personalidade.
No momento atual, estamos em pleno processo de transformação no que diz respeito à valorização da virilidade. Já é possível sentir sinais do desprestígio do machão. No entanto, a mudança das mentalidades demora algumas vezes mais de cem anos para se concretizar, mas isso não importa, desde que se abra um espaço definitivo para a autonomia de homens e mulheres.

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