Prêmio resgata importância da história das mulheres negras na construção do Brasil
SPM e SEPPIR anunciaram, nesta terça-feira, as vencedoras do prêmio ‘Mulheres Negras contam a sua história’, que objetiva dar visibilidade ao protagonismo das mulheres negras
Depoimentos de preconceito, lutas, derrotas e vitórias compõem as redações e ensaios das vencedoras do Prêmio Mulheres Negras Contam Sua História, que as ministras das secretarias de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), Eleonora Menicucci, e de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Luiza Bairros, homenagearam, nesta terça-feira (23/4), na SPM-PR.
A ministra Eleonora Menicucci ressaltou que o prêmio, lançado pela SPM e pela SEPPIR em novembro de 2012, teve como objetivo resgatar memórias e relatos de discriminações e de resistências das mulheres negras à escravidão e ao racismo. E estimular a reflexão acerca das desigualdades vividas no seu cotidiano, no mundo do trabalho, nas relações familiares e da violência, bem como da superação de todas as formas de discriminação que acompanham as trajetórias dessas brasileiras.
“Elas merecem sair do anonimato e ocupar posição de protagonistas na construção da história do Brasil. As mulheres negras devem, não apenas ser lembradas, mas ser inseridas nas páginas da história do Brasil”, argumentou Eleonora Menicucci. Acrescentou que uma sociedade que convive com preconceito e discriminação não é democrática nem sustentável e não tem como pauta a diversidade e direitos humanos. “Um país soberano é aquele que convive com a diversidade em toda a sua dimensão”.
A ministra Luiza Bairros afirmou que os textos que concorreram ao prêmio mostram que os lugares de maior desvantagem social são os que apresentam uma maior resistência. “Este prêmio ajuda a repensar o racismo e a discriminação e os seus efeitos na população. Vivemos numa sociedade racista, mas já modificada pela ação política dos negros”, apontou.
Participação – Ao todo, foram entregues 520 textos entre redações e ensaios. As histórias foram encaminhadas por mulheres autodeclaradas negras, que contaram a sua participação na construção do país.
As cinco primeiras colocadas na categoria ‘ensaio’ receberam cheques no valor de R$ 10 mil e as cinco autoras que se destacaram na categoria ‘redação’ foram contempladas com R$ 5 mil cada. Outras duas histórias, em cada categoria, foram contempladas com a menção honrosa. O livro, com os relatos das vencedoras, será publicado no segundo semestre de 2013.
Alguns relatos:
Com o título “Minha luta é para ver tornar-se real o sonho do trabalho doméstico decente”, a redação narra a vida de uma órfã pobre do interior da Bahia, que se muda para Salvador aos 10 anos para trabalhar “em casa de família”, apenas por casa e comida. Até chegar a receber salário, passam-se muitos anos. Hoje, ela é a líder das trabalhadoras domésticas brasileiras, como presidenta da Federação Nacional dos Trabalhadores Domésticos (Fenatrad), Creuza Maria de Oliveira.
Em “Do luto à luta: a história de três continentes marcados pelo racismo”, a angolana Marisol Kadiegi foge da guerra, exila-se em Portugal e, finalmente, chega ao Paraná, como empregada doméstica. O estudo é sua moeda de troca com a patroa. É por meio dele, que, depois de fugir para Cuiabá (MT), evolui para o trabalho em escritório. Em Brasília, forma-se em jornalismo, contata a Embaixada de Angola e revê a família. Hoje, é repórter na TV pública angolana.
Tendo como título "O risco de ser mulher negra: entre a emoção e a razão", Cláudia Marques de Oliveira, de origem afro-indígena, apresenta a história de uma comunidade quilombola de Pedro Leopoldo, de Minas Gerais. Com isso, rasga o véu de invisibilidade que omite a participação de negros e negras daquela região na construção do Brasil.
Confira aqui todos os relatos
Comissão julgadora – Integraram a comissão julgadora do prêmio: Cidinha da Silva, Conceição Evaristo, Maria de Lourdes Teodoro, Matilde Ribeiro, Sueli Carneiro, Tânia Toko e Valdice Gomes.
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