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quarta-feira, 24 de abril de 2013


Prostituta: profissional ou vítima? Brasil e França assumem opiniões opostas

A discussão é cada dia mais atual. Enquanto a ministra francesa dos Direitos das Mulheres, Najat Vallaud-Belkacem, diz que sua prioridade é acabar com a prostituição, o deputado federal Jean Wyllys luta por condições dignas de trabalho a essas mulheres

A DISCUSSÃO SOBRE PROSTITUIÇÃO ESTÁ CADA VEZ MAIS EM PAUTA (Foto: Latinstock)
A DISCUSSÃO SOBRE PROSTITUIÇÃO ESTÁ
CADA VEZ MAIS EM PAUTA (Foto: Latinstock)
Transas enlouquecidas, surubas, muitos homens (e mulheres) diferentes (...) O que pode ser excitante para muitas garotas, na efervescência dos 20 anos, para mim é rotina. É meu dia a dia de labuta.” Assim Bruna Surfistinha descreveu seu trabalho no livro O Doce Veneno do Escorpião. Para ela, o sexo era só uma maneira de ganhar a vida. E como toda profissional que se preze, Bruna queria ser a melhor em sua área. Cuidava do corpo, aprimorava técnicas, mantinha sigilo e ética profissionais. Tal como uma enfermeira competente, uma psicóloga cuidadosa ou uma massagista, fazia o seu melhor para cativar o cliente.
Afinal, a prostituição é uma opção profissional ou a exploração de vítimas sem escolha? A discussão, cada dia mais atual no Brasil e no mundo, muda de acordo com as fronteiras. Na França, é conduzida por Najat Vallaud-Belkacem, ministra dos Direitos das Mulheres e porta-voz do governo François Hollande. “Tenho a abolição da prostituição como prioridade”, diz. Najat afirma que, por causa das doenças sexualmente transmissíveis e das condições insalubres de trabalho, as prostitutas francesas têm expectativa de vida 40% menor que as demais mulheres. Segundo ela, 85% das garotas de programa prefeririam ter outra profissão. “Elas não se prostituem por opção, mas por falta dela.
Opiniões opostas: o deputado federal Jean Wyllys e a ministra francesa Najat Belkacem (Foto: The New York Times)
Opiniões opostas:
o deputado federal Jean Wyllys e a
ministra francesa Najat Belkacem
(Foto: Latinstock / The New York Times)
O discurso da bela Najat, de 35 anos, despertou a ira do Sindicato das Trabalhadoras do Sexo (Strass) e as prostitutas foram às ruas protestar pelo direito de trabalhar. Entre as reivindicações do grupo estão a ampliação dos direitos trabalhistas e de políticas públicas para a saúde das profissionais do sexo. Assim como no Brasil, na França não é crime vender o próprio corpo. Mas é proibido lucrar com o trabalho das moças, o que lança na ilegalidade todos os prostíbulos.
Por aqui, o deputado federal Jean Wyllys, concorda com as trabalhadoras do sexo francesas. E propôs um projeto de lei, em trâmite no Congresso, que prevê a legalização das casas de prostituição e o direito à aposentadoria à prostituta brasileira que contribuir com a previdência por 25 anos. O projeto é o resultado de quase dois anos de conversa com os movimentos de prostitutas brasileiros. “As feministas lembram o direito de decidir sobre o próprio corpo para defender a legalização do aborto. O mesmo serve para a regulamentação da prostituição”, diz Wyllys. “As mulheres que querem deixar de ser profissionais do sexo precisam ser ajudadas, mas essa é outra discussão.Antes de mais nada, é preciso garantir condições dignas de trabalho para que a mulher seja prostituta quando quiser.”

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