Preconceito na estrada
por Dhiego Maia
Lusinete França, de 45 anos, causou um choque na família quando anunciou que iria se tornar caminhoneira. No trajeto entre Sorriso (MT) e o porto de Santos (SP), ela foi a única profissional mulher encontrada pela expedição do G1 ‘Rumo ao Porto’.
Há 16 anos atrás do volante, ela relatou que ainda sofre preconceito. “Muita coisa mudou desde o primeiro ano que passei a dirigir o caminhão. Mas ainda hoje tenho que provar que sou uma boa caminhoneira. Tem gente que não confia no meu trabalho só pelo fato de eu ser mulher”, afirmou.
Ela transporta cargas entre Mato Grosso do Sul e São Paulo. Já foi casada, é mãe, mas, quando está na estrada, a única companhia que tem é uma boneca que fica em um lugar de destaque no painel do caminhão.
Na empresa em que trabalha, ela é a responsável por dirigir o maior caminhão da frota. O motivo, disse ela, é pelo excesso de cuidados que tem com o veículo. “Estou dirigindo este caminhão há um mês. Quando ele chegou às minhas mãos estava arregaçado. Hoje eu estou colocando ele no jeito. Daqui há pouco vai ficar bem bonito”, disse.
‘Mulher é mais cuidadosa que o homem. A gente passa com jeito em buracos. Meu pneu dura mais, faço menos reparos nele [caminhão]. Caminhoneira é mais detalhista”, arrematou.
Além do preconceito, França ainda revelou que também é vítima da desvalorização da carreira. “Caminhoneiro ganha pouco, é humilhado em todo tipo de lugar e passa por muitas dificuldades na estrada. Imagina então uma mulher? A profissão precisa ganhar outro rumo, porque do jeito que está não dá”, finalizou.
http://g1.globo.com/mato-grosso/blog-rumo-ao-porto/platb/2013/04/22/preconceito-na-estrada/
Nenhum comentário:
Postar um comentário