Número de estupros cresce 300% em oito anos na região de São Carlos, SP
Dados de 2005 e 2012 são da Secretaria de Segurança Pública do Estado.
Para a delegada, o crescimento das denúncias influenciou nos registros.
Do G1 São Carlos e Araraquara
Beatriz Silva foi encontrada morta em canavial de Araras (Foto: Reprodução/Facebook) |
O número de estupros cresceu mais de 300% nos últimos oito anos na região de São Carlos e Ribeirão Preto (SP), segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Em 2012, foram registrados 994 casos, contra 211 em 2005. E só no primeiro trimestre de 2013, já foram registrados 230 estupros na região do Deinter 3, que inclui as duas cidades.
No início deste mês uma adolescente de 14 anos foi morta após ter sido violentada sexualmente em Araras. O corpo de Beatriz Silva foi encontrado em um canavial com pelo menos 10 perfurações e sinais de estupro. A Polícia Civil de Araras ainda não identificou o suspeito do crime.
O avô da menina, o funcionário público Aluísio Silva, ainda não acredita no que aconteceu. “É uma dor muito profunda e para mim eu ainda estou dormindo e é um sonho o que aconteceu, porque é muito difícil para a gente”, afirmou.
No ano passado, foram quase 13 mil registros de estupro em todo o Estado de São Paulo. Uma média de um caso a cada 40 minutos, conforme os números da SSP. Segundo especialistas, o aumento registrado nos últimos anos é provocado pelo fim do silêncio das vítimas.
Denúncias
A delegada Meirelene Alves, da Delegacia de Defesa da Mulher de Araraquara, lembra que a lei para esse tipo de crime ficou mais rígida em 2009, mas antes disso as denúncias já registravam aumento. “As mulheres querem cessar essa situação de violência sexual, então elas procuram a delegacia como um meio também de punir o agressor”, disse.
A coordenadora do Laboratório de Análise e Prevenção da Violência (Laprev) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Lúcia Williams, explica que a recuperação emocional da vítima é difícil e as consequências variam de acordo com a idade. “Para os adultos isso está associado à depressão, baixa autoestima, e nos casos graves, em que não há tratamento, está associado à tentativas de suicídio”, comentou.
“Para a criança é muito mais complexo e o impacto é bem mais amplo, pode ter desde problemas na escola, fuga de casa, evasão escolar, aumento da agressividade e comportamento sexualizado”, completou a especialista.
Tratamento
Para a psicóloga Leila D’Ambrósio, do Centro da Mulher de Araraquara, o tratamento começa com a revelação do problema. “Quando elas revelam é que começa todo o processo de cura, de colocar para fora, de tentar rever tudo isso e transformar, transcender”, explicou.
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