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domingo, 31 de maio de 2015

O medo da liderança feminina

Por Jarid Arraes   
maio 19, 2015
 
Seja como heroínas em filmes de ação ou como chefes em uma grande empresa, mulheres em posição de liderança são ofendidas e repudiadas por muita gente, especialmente por homens que enxergam nessas mulheres verdadeiras ameaças. Em inglês, há até mesmo o termo “ball-buster“; direcionado a mulheres consideradas dominantes, a expressão sugere que a liderança e assertividade femininas são encaradas como uma espécie de violência contra os homens.
 
As configurações patriarcais de diversas sociedades ao redor do mundo, incluindo a nossa, são de extrema relevância para entender essa interpretação . A figura do patriarca, homem chefe de família e de negócios, e o reconhecimento de sua autoridade existem até hoje. A ideia de que os homens são naturalmente líderes e governantes não ficou enterrada nos anos 40; pelo contrário, muitos machistas têm a sensação de intimidação e revolta quando se deparam com uma liderança feminina – uma realidade ainda pior quando essa mulher é responsável por liderá-los.
 
Não por acaso, mulheres assertivas e eficientes na posição de liderar acabam sendo ofendidas com incontáveis xingamentos misóginos e, em muitos casos, também acabam sendo ameaçadas com a alegoria da feminilidade. Na visão machista, a mulher que não se comporta de maneira doce, meiga, materna e submissa está tentando “se tornar um homem” ou copiando supostos comportamentos masculinos – algo que não passa de uma estratégia para fazer recuar a autonomia feminina, em um esforço constante para “colocar as mulheres em seus lugares”, como se a ocupação de outros espaços fosse uma afronta contra a sociedade.
 
Não é difícil rebater esse tipo de ataque contra a autonomia das mulheres. Não existe “natureza feminina” ou “natureza masculina”, pois todos os papéis de gênero nos são ensinados sistematicamente desde o nascimento. E mesmo com essa doutrinação de gênero, mulheres ainda se tornam pessoas fortes, independentes, capazes de calcular, inventar, descobrir e desbravar. Todo o esforço machista para reduzir as mulheres a uma posição de subserviência jamais foi suficiente; as mulheres, ao longo da história, provam dia após dia que esses papéis não lhes definem, limitam ou cabem.
 
Imagine a revolta de um machista ao se deparar com uma líder segura de seu papel – e não um rascunho de mulher que pede desculpas por existir. Homens machistas não suportam ter uma mulher como chefe, nem toleram a ideia de que uma mulher seja melhor do que eles em algo que consideram tipicamente masculino. O machista logo acusará a mulher de possuir alguma inveja ou rancor contra os homens, como se seu maior objetivo fosse oprimi-los. Tudo isso quando, na verdade, o que faz o machista se sentir oprimido é o fato de não estar no domínio.
 
Por isso, é de fundamental importância que confrontemos esse tipo de reação misógina e provoquemos, cada vez mais, esse desconforto contra o machismo. Uma mulher na liderança é de um didatismo profundo e ensina valores que combatem o ódio contra mulheres e os estereótipos de gênero. A autonomia feminina ainda precisa ser conquistada e defendida pelas mulheres; somente com assertividade e segurança poderemos garantir o avanço contínuo até que a equidade seja uma realidade.
 

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