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segunda-feira, 25 de maio de 2015
Exposição com objetos usados para agredir mulheres chama atenção para violência doméstica
Foto: Exposição “O Silêncio também é uma arma” 23/mai/2015 Débora Fogliatto Foices, bastões com pregos, raquetes, fósforos, martelos, pedaços de pau, armas de fogo. Estes e muitos outros objetos foram encontrados pela delegada Carolina Funchal Terres na Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher de Canoas. Eram mais de cem utensílios que serviram como arma para homens agredirem suas companheiras e, após apreendidos, estavam em um depósito na delegacia. Antes de serem destruídos, os itens foram fotografados, em uma série que resultou na exposição “O silêncio também é uma arma”. Uma determinada tarde, a delegada foi organizar o depósito e encontrou os objetos. Angustiada com as violências sofridas pelas vítimas, mas impossibilitada de retirar os objetos — que eram provas de crimes — da delegacia, ela contatou duas fotógrafas, que registraram as armas e agora expõem as fotos. “A partir do momento em que expomos isso, muitas mulheres que sofrem violência vão verificar que outras também sofreram, às vezes até com o mesmo instrumento, e vão ver que não estão sozinhas”, defende Carolina. Ao mesmo tempo, os objetos também demonstram que a delegacia realiza o trabalho de prender os agressores, apreender esses itens e atender às vítimas. “Queremos que elas saibam que podem denunciar, que terão amparo”, afirmou. A Deam de Canoas existe desde 1988 e conta com nove policiais especializados, realizando de 60 a 83 medidas protetivas por mês. Desde janeiro deste ano, foram registradas 1.769 ocorrências.
Foto: Exposição “O Silêncio também é uma arma” As fotógrafas Fabiane Guedes e Pâmela Lazaron, que têm familiares policiais, concordaram em realizar o trabalho gratuitamente. Dos mais de cem itens encontrados pela delegada, 12 foram fotografados. Para compor as imagens, as profissionais contrastaram as armas com objetos normalmente ligados ao universo feminino, para mostrar essa “beleza destruída” pela violência. “Ao invés de usar pessoas sendo ameaçadas, decidimos contrastar com objetos de beleza, perfumes, maquiagens, salto alto, nossos objetos”, explicou Pâmela. Ela contou que a ideia das sócias foi mostrar para as pessoas que não desconhecem esse universo a realidade da violência doméstica. “Nossos familiares comentavam sobre isso e a gente pensava ‘nossa, alguém tem que ajudar a tornar isso público, para elas não retirarem suas ocorrências, não voltarem para essa vida'”, relatou. A dupla de fotógrafas, que normalmente trabalha com “momentos de felicidade”, como casamentos, ficou chocada, inicialmente, com o que encontrou, mas aceitou o desafio. “Ficamos surpresas, normalmente retratamos coisas boas. De repente, chega esse quadro da dor, nos deu tanta tristeza. Tentamos passar um recado”, observou Pâmela, acrescentando que o contraste dos objetos escolhidos também serviu para representar a auto-estima das mulheres, que fica abalada quando são vítimas de violência. “Queremos dizer que a mulher tem que viver como quiser, tem que se gostar”, apontou. Após ser apresentada na Câmara Municipal de Canoas, a exposição agora chega ao legislativo de Porto Alegre. A abertura aconteceu na sexta-feira (22), na Galeria T Cultural, em frente ao Plenário Ana Terra. A Exposição estará aberta ao público até dia 29 de maio. Sul 21
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