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sábado, 30 de maio de 2015

Brasil, o país das cesáreas, reduz a mortalidade materna menos que o combinado

A queda nessas mortes, desde 1990, é de 55%. O país havia se comprometido na ONU com uma redução de 75%
                           
IGOR UTSUMI, COM ALINE RIBEIRO
30/05/2015
 
Em 1990, 141 mães morriam para cada 100 mil bebês nascidos no Brasil. Em 2000, o país se comprometeu a reduzir esse número em 75%. E em 2015, mostrou que não cumpriu a meta.
 
Mesmo com um avanço notável — houve redução de 55%, o que significa, hoje, 64 mortes para cada 100 mil nascidos vivos — o objetivo não será alcançado. Não há uma explicação única para o fracasso, mas a Organização das Nações Unidas (ONU) aponta o excesso de cesáreas como principal vilão.
 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que, no máximo, 15% dos nascimentos sejam realizados por cesárea. No Brasil, o porcentual cresce ano após ano e hoje fica perto de 55%, a maior taxa do planeta. Mulheres submetidas ao procedimento, segundo a ONU, têm 3,5 vezes mais chances de morrer do que aquelas que realizam parto natural.
 
Reduzir o número de mulheres que morrem em decorrência da gravidez ou do parto foi o único Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) que o Brasil não chegou nem perto de alcançar. Ele fazia parte de uma série de metas estipuladas em 2000 pela ONU. Aceitas pelo Brasil e outros 188 países, deveriam ser cumpridas até 2015.
 
Com o prazo se encerrando, algumas áreas tiveram progressos importantes, como redução da miséria, fome e universalização da educação básica. Carlos Lopes, secretário geral adjunto da ONU, afirmou a ÉPOCA que o desempenho do Brasil é louvável, embora tenha ficado “um pouquinho abaixo do esperado” na diminuição da mortalidade materna.
 
Movimentos sociais questionam se o único ODM voltado só a mulheres teria recebido menor atenção — e investimento — de forma intencional. “Ter quase o dobro de mortes daquilo que foi estipulado não é pouco. É absurdo”, diz Raquel Marques, presidente da ONG Artemis. “No Brasil, há assistência médica quase universal a grávidas e parturientes, mas mesmo assim não resolvemos o problema”.
 
Para Alessandra Nilo, diretora da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong), é preciso avaliar se o problema é encarado de forma “menos grave” do que a fome, por exemplo. “A mortalidade de mulheres ainda não é tratada com a atenção merecida”, afirma. “Mostra-se necessário olhar de forma especial como desigualdades de gênero podem influenciar a questão”.
 
>> Ouça o comentário de Cristiane Segatto, repórter especial de Época, sobre o tema

Época

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