Contribua com o SOS Ação Mulher e Família na prevenção e no enfrentamento da violência doméstica e intrafamiliar

Banco Santander (033)

Agência 0632 / Conta Corrente 13000863-4

CNPJ 54.153.846/0001-90

sábado, 13 de abril de 2013


Domésticas que vivem em casa ainda são comuns na Tailândia

Família brasileira na Tailândia | Foto: Arquivo pessoal
Domésticas que vivem nas casas de família ainda são comuns na Tailândia
A BBC Brasil publica nesta semana depoimentos de estrangeiros em que falam sobre como lidam com a questão do trabalho doméstico.
O depoimento desta sexta-feira é da jornalista Marina Wentzel, moradora de Bangcoc, capital da Tailândia, e colaboradora da BBC Brasil desde 2006. Ela tem três filhos e contrata os serviços de duas empregadas domésticas.
Marina conta como é a relação das famílias com as domésticas no país e o que mudou com a regulamentação do trabalho doméstico, em novembro de 2012.
Confira o depoimento.

Parte da família

Eu me mudei para a Tailândia em fevereiro de 2010. Logo de cara precisei de ajuda em casa, porque tinha um bebê de um ano e estava grávida de cinco meses do segundo filho. No ano seguinte tivemos o terceiro bebê e vejo hoje que não teria conseguido ''segurar as pontas'' se não tivesse contado com ajuda profissional.
No país ainda é comum as empregadas de muitos anos, que vivem na casa e trabalham o dia inteiro, assim como acontecia antigamente no Brasil.
Se por um lado essa condição faz com que a doméstica muitas vezes seja considerada parte do núcleo familiar, por outro pode dar espaço ao abuso e exploração.
Moramos em uma casa ampla com três crianças pequenas e dois cachorros arruaceiros. Para dar conta do recado, contamos com a ajuda de anjos chamados Daisy e Betty. Juntas elas limpam a casa, lavam a roupa, cozinham, arrumam os quartos e ajudam na rotina dos pequenos.
Betty é original de Mianmar e mora conosco. Daisy é filipina e chega às 8h e vai embora às 17h.
A babá Daisy | Foto: Arquivo pessoal
Remuneração de domésticas, apesar de regulamentada, oscila muito na Tailândia
Ambas ganham acima da média, já que falam inglês e tem hora para começar e encerrar o expediente, recebendo pagamento extra por tarefas realizadas fora do turno de nove horas. No sábado trabalham apenas pela manhã e no domingo tiram folga.

Regulamentação

Por lei o salário mínimo diário é de 300 bahts (cerca de R$ 20), mas a remuneração no país oscila muito. Enquanto as empregadas com pouca qualificação não chegam a receber esse valor, as domésticas que trabalham com famílias estrangeiras e falam inglês facilmente ganham o dobro.
O mercado de trabalho doméstico no país, no entanto, era praticamente desregulamentado até novembro passado, quando uma diretriz do Ministério de Trabalho foi implementada.
A lei diz que as empregadas têm direito a um dia de descanso por semana, 13 dias de feriados por ano, a pagamento extra caso trabalhem no dia de folga e à licença remunerada por razões de saúde. Elas também passaram a receber compensação em caso de demissão. A idade mínima para trabalhar como doméstica passou a ser 15 anos.
Apesar de não haver dados oficiais atuais sobre o trabalho doméstico, a impressão é de que demanda e a oferta se mantêm fortes - apesar do perfil de país emergente da Tailândia, com a provável migração das domésticas para outros empregos de mais prestígio em breve.

Exploração

Com o mercado de trabalho doméstico aquecido, a preocupação não é somente encontrar uma boa profissional, mas também não acabar apoiando redes de exploração.
Babá com crianças | Foto: Arquivo pessoal
Famílias devem conferir se empregadas são vítimas de redes de exploração
Não são raros os casos de empregadas imigrantes vítimas de tráfico de seres humanos. Elas chegam de países vizinhos trazidas por aliciadores e ficam presas a uma situação de dívida, trabalhando sob a coerção dos exploradores.
Cabe aos empregadores se certificar de que não estão contratando empregadas sujeitas a esse tipo de abuso. No caso de Daisy e Betty, elas chegaram à Tailândia independentemente.
Além das domésticas estrangeiras que falam inglês e tendem a encontrar bons empregos na comunidade expatriada, há as pouco qualificadas, mais vulneráveis. No segundo grupo estão as refugiadas de áreas de conflito em Mianmar, Laos e Camboja.
Casos de exploração e de violência física não são incomuns. Há cerca de um mês uma adolescente do povo karen, grupo étnico que se concentra no Mianmar e na Tailândia, conseguiu fugir do casal tailandês que a escravizava. Ela estava com uma orelha cortada e com queimaduras em quase metade do corpo.
Essas mulheres são na sua maioria solteiras, com idade entre 16 e 30 anos. Domésticas com filhos, tanto estrangeiras como tailandesas, costumam deixá-los no país ou província de origem sob os cuidados da avó e outros parentes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário