Safernet lança helpline para proteger crianças e adolescentes na internet
Orientar crianças e adolescentes que podem ser vítimas de violência na internet é um dos objetivos do Helpline, desenvolvido pela Safernet, organização que atua na luta contra o uso indevido da web para a prática de crimes e violações contra os direitos humanos. Em tempo real, uma equipe de psicólogos ajuda a solucionar dúvidas para casos de humilhações, chantagem, exposição forçada de fotos ou filmagens, dentre outros problemas. O atendimento gratuito por chat ou e-mail também visa alertar sobre os perigos na web e incentivar a navegar com segurança. “A ideia é usar a tecnologia para promover o uso ético da internet e promover a defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes”, afirma o diretor de prevenção da Safernet, Rodrigo Nejm. “É uma forma de garotos e garotas que moram em regiões distantes também terem acesso a informações e a um atendimento especializado psicológico que talvez não tivessem presencialmente”.
O serviço não substitui a terapia presencial com um profissional, mas auxilia os garotos a enfrentarem o medo e o constrangimento de divulgar a situação vivenciada. Os casos mais delicados com necessidade de acompanhamento em longo prazo são encaminhados para serviços especializados.
As principais dúvidas de crianças e adolescentes estão relacionadas ao ciberbullying (xingamentos, ofensas ou humilhações online). “Muitas vezes eles não têm certeza se o que estão vivendo é uma forma de abuso e em outros casos querem saber como ajudar amigos que estão passando pelo problema”, diz a psicóloga Juliana Andrade Cunha, coordenadora do projeto. Os meninos também querem saber como encontrar de forma segura os amigos virtuais e como saber se estão mal-intencionados. “O Helpline ajuda a encorajá-los a enfrentar os problemas e buscar ajuda externa se for preciso, porque eles acham que ninguém vai entendê-los e nós conversamos sem julgamento”.
O serviço é aberto também para pais e professores interessados no tema. As perguntas mais frequentes deste público adulto são sobre como controlar a navegação dos filhos na web; qual a idade ideal para um adolescente fazer parte de uma rede social na internet; e o que fazer quando percebem que os meninos estão em salas de bate papo com adultos. Em outro post do blog, abordamos algumas dicas para esse público.
Todas as informações fornecidas pelos usuários são confidenciais e a partir do segundo contato, é preciso um termo de autorização dos pais para a continuidade da orientação da criança ou adolescentes, conforme determina o Art. 8º do Código de Ética Profissional do Psicólogo. As mensagens são acessadas apenas pela equipe de psicólogos e só poderão ser reveladas às autoridades em situações de suspeita ou confirmação de grave violência contra crianças e adolescente, seguindo o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA).
Em apenas uma semana de uso, o serviço respondeu cerca de 60 pessoas. No total, já foram realizados 500 atendimentos, somando os casos recebidos em período piloto, iniciado há dois meses. O Helpline Safernet funciona de segunda a sexta das 13h às 19 horas.
Modelo internacional
O Helpline Safernet foi inspirado no modelo de atendimento da rede Child Helpline Internacional, presente em mais de 150 países no mundo, fundada pela indiana Jeroo Billimoria. A empreendedora resolveu criar um serviço telefônico 24 horas aliado a uma extensa rede de apoio e intervenção, porque quando trabalhava no Instituto de Ciências Sociais em Mumbai recebia muitas chamadas de crianças de rua pedindo ajuda e precisava agilidade para resolver os casos.
No Brasil, o serviço 123! Alô, desenvolvido pelo Instituto Noos, também é um canal de atendimento que, desde 2009, encaminha problemas de violência infantojuvenil em casa e na escola no Rio de Janeiro.
Apoio institucional
Há cinco anos, a Childhood Brasil é parceira da Safernet. A parceria começou com o apoio à Central de Denúncias de Crimes Cibernéticos e hoje, diversas atividades foram realizadas em conjunto, tanto para a prevenção e uso ético da internet, como na formação de educadores e da rede de proteção, por meio de palestras, realização de concursos e mobilização.
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