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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Mud – Amor Bandido

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Filme deve ser visto com a cabeça fresca, aberta e 
conectada nas tuas próprias experiências de vida 
(Reprodução/Internet)
CRÍTICA DE CINEMA

'Mud - Amor Bandido' segue a tradição dos filmes de aventura, que fazem a gente pensar sobre as apostas, conceitos e sentimentos que queremos levar da infância para a vida adulta

por Alessandra Ogeda *

Gosto de filmes sobre jovens garotos porque estas produções normalmente resgatam em nós aquele desejo de aventura e de descobrir o que ainda não se sabe antes da fase adulta, quando o cinismo costuma entrar em cena. Não por acaso dois dos meus filmes preferidos de todos os tempos são Stand By Me, do diretor Rob Reiner, baseado em um livro de Stephen King, e The Goonies, dirigido por Richard Donner, com roteiro de Chris Columbus, sobre uma história de Steven Spielberg. Mud, uma obra singela e interessante, segue a tradição de filmes do gênero. O longa nos faz pensar nas apostas, conceitos e sentimentos nos quais vale a pena seguirmos acreditando, e na necessidade de saber quando deixá-los para trás.

A HISTÓRIA: Brinquedos e lembranças marcadas pelo tempo decoram o quarto de Ellis (Tye Sheridan). O garoto está sentado no escuro, à espera de um sinal. Quando o seu walkie-talkie toca, Ellis age. Saindo de casa, ele escuta a mãe, Mary Lee (Sarah Paulson), falando que está cansada de morar ali. O marido (Ray McKinnon) escuta sem tirar os olhos do jornal. Ellis, então, parte para uma aventura com o amigo Neckbone (Jacob Lofland). Eles vão conferir o boato de que existe um barco abandonado sob uma árvore em uma ilha próxima. Lá, Ellis e Neckbone conhecem Mud (Matthew McConaughey), um sujeito com uma história atribulada, que vai alterar a rotina dos garotos a partir deste encontro.

Ainda que o filme leve o nome de Mud, ele não é o personagem central. Ellis é o narrador e a figura central da história, que carrega a ação. As principais decisões são dele, e a história só acontece da forma como acontece por causa do garoto. Ellis é confrontado com uma das grandes indagações da vida: afinal, vale a pena acreditar no amor? Sacrificar-se por ele?

Quase todas as produções românticas abordam esta questão, de uma forma ou de outra, mas poucas conseguem fazer isso com a inteligência deste filme. Ellis vive um momento difícil, de ruptura, algo que surge logo nos primeiros minutos do filme. Mas vamos entender isso em profundidade apenas depois. Este é outro acerto do texto do diretor: a compreensão dos fatos vai se desdobrando para o espectador na mesma medida em que o entendimento recai sobre o protagonista.

Ellis se encanta por Mud por mais de uma razão. Primeiro porque o personagem de Matthew McConaughey sabe como fascinar as pessoas, fisgá-las com suas histórias. Depois, porque com a separação iminente dos pais, Ellis vê na história de Mud e Juniper (Reece Witherspoon) uma alternativa para continuar acreditando no amor.

Estereótipos

Uma grande sacada desta produção me impressionou pela sua eficácia: a forma muito natural com que Nichols “humaniza” estereótipos que estamos acostumados a ver nas reportagens dos jornais ou nas conversas com psicólogos. Isso vale tanto para a “vítima constante”, que não consegue sair de seu papel, vivida pelo pai de Ellis, quanto pelo “bandido charmoso”, Mud. Quem pode julgá-los? Quem pode defendê-los ou atacá-los? Cada personagem tem as suas razões e consegue, a seu próprio modo, causar empatia, pena ou apenas reflexão.

Da parte técnica do filme, destaco a excelente trilha sonora de David Wingo, parte fundamental para ajudar o filme a ter ritmo; a direção de fotografia equilibrada de Adam Stone, e a edição detalhista de Julie Monroe.

Além de um roteiro que beira a perfeição, Jeff Nichols tem uma direção segura, que equilibra o foco das lentes da produção nos atores e seus personagens tanto quanto no entorno que ajuda a explicá-los. Gosto dos silêncios desta produção, assim como das interações entre os atores. Os garotos roubam a cena, e é encantadora a franqueza deles – algo que muitas vezes falta para os adultos, habituados a jogos de poder e de dissimulação.

*Alessandra Ogeda escreve no blog Moviesense, parceiro do Opinião e Notícia

Fontes: Movie Sense-Mud – Amor Bandido

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