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sábado, 24 de agosto de 2013

Parente é pior que chefe

Os relacionamentos estressam mais que o trabalho e o trânsito, revela uma pesquisa inédita no Brasil. Quatro estratégias para lidar com ele

CRISTIANE SEGATTO

A psicóloga Marilda Lipp é uma das principais pesquisadoras das causas, consequências e tratamento do estresse no país. Pós-doutora pelo National Institutes of Health, dos Estados Unidos, ela é autora de 22 livros e dirige a clínica privada Centro Psicológico de Controle do Stress (CPCS). Em seu mais recente projeto, Marilda decidiu aplicar no Brasil uma pesquisa on-line, de acordo com o método usado nos EUA pela Associação Americana de Psicologia.

Pela internet, Marilda conseguiu em abril e maio deste ano uma amostra inédita em pesquisas do gênero: 2.195 participantes, de várias regiões e de todos os níveis de renda e escolaridade -- de faxineiras a pós-doutores. O resultado, divulgado com exclusividade por esta coluna, foi surpreendente.

Os fatores que atualmente mais estressam os brasileiros:

1) Relacionamentos (18%)

2) Problemas financeiros (17%)

3) Sobrecarga de trabalho (16%)

4) Trabalho em si (13%)

5) A maneira de pensar do entrevistado (8%)

E o trânsito? A violência? A péssima qualidade de vida nas grandes cidades? 

Sim, esses ladrões de saúde apareceram entre as respostas espontâneas, mas foram muito menos citados que as dificuldades de relacionamento. A esfera privada, segundo os entrevistados, estressa mais que os fatores relacionados à coletividade. 

De todos os tipos de relacionamento que provocam estresse, os mais frequentes foram os familiares (7,85%), os amorosos (7,01%), a convivência com colegas de trabalho (2,12%) e com o chefe (1,58%).

“Os brasileiros estão confusos em relação ao papel de cada um na família. Os valores mudaram e faltam limites. Os adolescentes não sabem mais o que é normal e o que não é. Isso tudo complica os relacionamentos e faz sofrer”, diz Marilda.

Dificuldades de relacionamento em casa afetam mais a autoestima e a segurança que os problemas no âmbito profissional. “Quando o foco do problema é o trabalho, a pessoa pode tentar deixá-lo lá quando vai embora Se o que vai mal é a família, tudo fica mais difícil.”

Difícil não quer dizer impossível. Sempre há como melhorar as habilidades de comunicação dentro de casa, discutir e rever valores e criar normas de acordo com a visão da família – e não por pressão social. É fundamental empreender um esforço para priorizar uma área da vida que é de suma importância para a saúde emocional e física. 

Não por acaso, os participantes disseram sofrer de doenças que têm forte relação com o estresse, como hipertensão, asma, gastrite, depressão, ansiedade e doença do pânico.

Outros dados interessantes: 

34% sentiam que o nível de estresse estava extremo no momento da pesquisa 

37% relataram que o nível de estresse era maior em abril que no ano anterior

63% fazem atividade física para aliviar o estresse – o que é ótimo!

53% comem para aliviar o estresse – o que é péssimo!

75% conversam com amigos ou familiares para aliviar o estresse

“Se conversar com familiares e amigos é a primeira estratégia e as relações interpessoais estão conturbadas, a pessoa fica sem apoio”, diz a pesquisadora.  

Outras estratégias podem ser cultivadas. Marilda sugere quatro pilares de combate ao estresse. Os três primeiros aliviam sintomas e dão sensação de bem-estar. O quarto pode debelar a pressão excessiva, aquela que compromete a saúde.

1) Mexer o corpo

Descubra a atividade física que você gosta. Se não pode pagar uma academia, encontre outra forma de praticar exercícios. Caminhar, correr, pular corda, jogar futebol não custa nada – ou muito pouco.

2) Relaxar

Cada pessoa relaxa a sua maneira. Se você relaxa depois de praticar ioga, ótimo. Se relaxa assistindo à TV, ótimo também. Não há uma receita única. O importante é reservar 20 minutos diários para descontrair e esvaziar a cabeça. Praticar respiração profunda várias vezes ao dia é uma boa estratégia. Não custa nada, é rápido e oxigena o cérebro. Marilda ensina como fazer isso no livro Relaxamento para todos.

3) Comer bem

Habitue-se a comer de forma equilibrada. Adote uma alimentação rica em frutas, legumes e verduras. Em momentos de muita tensão, usamos os nutrientes para lidar com tudo o que nos ameaça. 

4) Fazer terapia

Se não puder pagar um psicólogo, reflita sobre o que é prioritário e vida de acordo com essas prioridades. Respeite seus limites e aprenda a dizer “não”. Procure ter uma visão positiva da vida. Nem sempre o que nos faz sofrer são os acontecimentos em si, mas a leitura que fazemos deles.

Tudo isso parece autoajuda e, de fato, é. Ninguém melhor do que você para ajudá-lo a se relacionar e viver melhor.

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