Contribua com o SOS Ação Mulher e Família na prevenção e no enfrentamento da violência doméstica e intrafamiliar

Banco Santander (033)

Agência 0632 / Conta Corrente 13000863-4

CNPJ 54.153.846/0001-90

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Síndrome da Mulher Maravilha

A psicóloga Cecília Russo Troiano, especialista convidada do 15º brunch, fala sobre optar ou não pela dupla jornada trabalho/família

Por Gabriela Varella, filha de Clélia e Eugênio

Só uma mãe sabe qual é a sensação de ter de se dividir em uma jornada dupla entre o trabalho e a família. Não é fácil arrumar uma alternativa para que o seu filho permaneça seguro enquanto você está fora, trabalhando. Principalmente no início, quando ele ainda é um bebê e precisa de todo o cuidado. Você precisa aprender a equilibrar a vida profissional e pessoal. Mas, de repente, a grande vilã aparece: a culpa. Mesmo com toda a dedicação, parece que não há tempo suficiente para fazer tudo o que deseja: cuidar da casa, dos filhos, do marido e de você, claro! É aí que surge a síndrome da Mulher Maravilha, e a gente sofre com a pressão de cumprir muitas tarefas ao mesmo tempo. É cansaço, não é preguiça! Esse é o tema que será conversado com as mães convidadas para um brunch aqui na Pais & Filhos amanhã. Você também pode mandar suas perguntas e comentários para a nossa página no Facebook. Basta acessar o link.

Ser multitarefa é comum em mães que trabalham. Segundo o The Economist, em 1960, as mulheres tinham uma média de seis filhos e apenas 17% trabalhavam fora de casa. Hoje, 80% das mulheres brasileiras graduadas aspiram trabalhar no cargo mais alto da empresa e, além disso, 27% das mulheres ocupam cargos de chefia. Esse novo perfil da mulher brasileira, de carreira bem sucedida e companheira da família, é o que resulta na “mulher equilibrista”, segundo a psicóloga Cecília Russo Troiano (conheça mais sobre o livro Vida de Equilibrista aqui). “Ser presente não significa estar presente muitas horas, fisicamente. Acredito muito que a mulher consegue ter uma carreira bem sucedida e ainda assim ser uma mãe atenta aos filhos, alguém que acompanha e orienta a rotina dos filhos, mesmo com poucas horas diárias de convívio. É importante que ela, quando estiver com os filhos, esteja verdadeiramente presente. Precisamos, nas horas de convívio com os filhos, desligar celular, esquecer o chefe e se concentrar na relação”, conta a especialista.

Para amenizar essa culpa, a psicóloga deixa claro que cada familia cria sua fórmula. A primeira tarefa é construir uma “rede de apoio”. “Pode ser uma pessoa, creche, berçário, enfim, alguém confiável para cuidar da criança na ausência da mãe. Ter um local ou pessoa de confiança atenua muito a culpa”, explica. O importante é que a mãe sinta que o filho está sendo bem cuidado e seguro enquanto trabalha. “Outra coisa que ajuda é lembrar que a criança não quer ter a presença da mãe o tempo inteiro. O importante é transmitir ao filho que há a certeza do retorno. Isso também ajuda a se sentir mais aliviada ao sair.”

É importante ter um tempo para você, mas, com a sobrecarga, é sempre um desafio. Se conseguir quebrar a rotina pelo menos uma vez por semana, isso ajuda com que volte para o trabalho com mais energia e ainda tenha um tempo para descansar. “Sugiro conversar com os filhos sobre o trabalho da mãe e do pai. É importante para conhecerem, saber o que os pais fazem, mostrar o local de trabalho. Isso traz o trabalho para algo mais tangível, menos ‘bicho-papão’. E sempre mostrar o papel do trabalho na vida dos pais, indo além do sentido financeiro, ou seja, mostrando que o trabalho também é fonte de prazer e realização.” Dessa maneira, as crianças começam a se acostumar desde cedo com a rotina e entender que a escolha dos pais faz parte da realização profissional. Além disso, as fronteiras começam a ser respeitadas e você consegue equilibrar melhor o horário de trabalho e horário de família, o que é fundamental para que não vejam o trabalho como um inimigo.

Ausência

Segundo a psicóloga, a ausência física não é sinônimo de ausência afetiva. A mãe pode estar presente o dia todo, mas não estar presente afetivamente. “Mães satisfeitas com suas escolhas, sejam elas ser mãe por tempo integral ou conciliar família e carreira, terão uma relação mais harmônica com as pessoas a sua volta”, diz. Sendo assim, se a mulher está incomodada com a sua escolha, isso poderá afetar a vida em casa. Algumas abandonam a carreira por causa dos filhos porque sentem que o que as fazem feliz no momento é a dedicação integral à família; mas isso não significa que você precise optar por isso: a culpa está muito mais na cabeça das mães do no que ela está fazendo. “A culpa vem desse sentimento forte e intenso que brota na cabeça das mães, perturbando-as. Constantemente temos de nos certificar que o filho está sendo bem cuidado na ausência, pensar que eles sobrevivem (e bem!) sem a nossa presença o tempo todo. E que nós não estamos sendo más mães por trabalharmos fora. Muitas vezes, é exatamente o trabalho, o fazer algo que traga realização pessoal, que nos dá energia para nos focarmos na maternidade. Admitir que está cansada, por exemplo, não faz uma pior mãe. Mães se cansam, como todas as pessoas”, orienta Cecília Russo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário