O assédio, seja ele físico ou psíquico, real ou virtual, é um crime
Os novos ‘inquisidores’ tomam conta da rede
EL PAÍS 1 MAY 2015
O anonimato conferido pelas redes sociais é o melhor estímulo para um assediador. Sabe bem disso a apresentadora da emissora TVE Lara Siscar, vítima durante vários anos de insultos, ameaças e intimidações no Twitter e no Facebook, as duas plataformas sociais mais populares. Depois de meses de investigação, a polícia conseguiu prender dois homens – sem relação entre si – que usavam esses instrumentos tecnológicos para bombardear a jornalista com mensagens injuriosas e humilhantes.
Além de ocultar o nome, as redes sociais permitem criar um sem-fim de perfis, uma estratégia que dificulta enormemente a tarefa da polícia ao localizar os autores desses crimes. Os assediadores de Siscar – um de Madri e outro de Palencia – criaram 30 perfis diferentes para despistar os investigadores, o que evidencia que não adianta bloquear uma conta porque em poucos segundos é possível ativar outra.
Por mais que o delinquente se sinta imune ao escrever barbaridades, sempre fica um rastro no ciberespaço. Só é preciso seguir esse rastro tecnológico, uma tarefa que seria mais fácil se as empresas colaborassem de forma diligente, algo que infelizmente não ocorreu no caso de Siscar.
O assédio, quer se exerça de maneira física ou psíquica, quer se materialize no mundo real ou no virtual, é um crime. E o fato de as redes sociais serem utilizadas como suporte não o torna menos daninho. Pode provocar na vítima depressão, ansiedade, insegurança e baixa auto-estima.
Da admiração ao assédio pode haver apenas um passo quando se trata de celebridades. Muitos famosos, da jornalista María Escario à comediante Eva Hache, passando pelo jogador de futebol Iker Casillas ou o comentarista esportivo Juanma Castaño, sofreram episódios de assédio.
Não se deve minimizar a importância daquelas mensagens que vão pouco a pouco mudando de tom. Quando a bajulação e o engodo se transformam em ofensa e desprezo é hora de colocá-los nas mãos da polícia. É a melhor receita para evitar males maiores às vítimas.
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