Contribua com o SOS Ação Mulher e Família na prevenção e no enfrentamento da violência doméstica e intrafamiliar

Banco Santander (033)

Agência 0632 / Conta Corrente 13000863-4

CNPJ 54.153.846/0001-90

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Crítica: Longa francês 'Ferrugem e Osso' opõe fragilidade e força na relação de um casal


CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
Ouvir o texto

Uma história de amor quase impossível entre uma garota fragilizada e um brutamontes. Resumido dessa maneira, "Ferrugem e Osso" poderia ser só mais um filme que trata o romance de modo pouco romântico.
As escolhas do diretor francês Jacques Audiard, porém, colocam o longa em um patamar distinto, em que a vontade da plateia de que dê tudo certo se mistura com uma boa dose de pessimismo e de mal-estar.
A irresistível Marion Cotillard faz o papel de Stéphanie, uma treinadora de parque aquático que tem as pernas amputadas após sofrer um acidente. O tourão Matthias Schoenaerts interpreta Alain, um lutador abobalhado, um cara que parece apenas um corpo com poucos neurônios funcionando dentro.

Divulgação
Cena do filme francês 'Ferrugem e Osso
Cena do filme francês 'Ferrugem e Osso'
Ao lado dele está Sam, um menino de cinco anos que vive sendo escorraçado pelo pai impaciente.
Na primeira aparição de Stéphanie, em meio a uma confusão na porta de um clube noturno, "Ferrugem e Osso" afirma uma estética física, feita de corpos que mais se batem e se chocam do que se atraem.
Ao levar um soco no rosto, a personagem sangra, chora, mas segue em frente como se levar porrada não fosse raro na vida dela.
De fato, a delicadeza de sua imagem se expõe ao peso e risco constante do trabalho com as baleias no parque.
Depois que perde as pernas, sua fragilidade encontra no corpão do lutador uma mobilidade e uma resistência, um tesão e a sensação de um limite.
Em vez de explorar o drama psicológico da deficiência, Audiard prefere filmar os corpos como encaixes e o sexo como uma descarga de energia, uma função vital como outra qualquer.
Exemplo: a sigla "OP?", enviada por torpedo, serve para Stéphanie saber se Alain está operacional, como se ele fosse uma máquina.
Dessa natureza básica da atração, o filme incorpora o afeto sem precisar encher a história de sentimentalismos e se tornar banal.
Ela toma um fora e se torna mais pragmática. Ele leva um susto e acaba abrindo uma brecha. O que virá depois não interessa.
A vantagem desses efeitos está em nos fazer interessar por personagens que parecem de carne e osso e nos dar um descanso dos arquétipos de roteiro que não têm uma gota de sangue correndo em suas veias.

FERRUGEM E OSSO

DIREÇÃO Jacques Audiard
PRODUÇÃO França/Bélgica, 2012
ONDE Reserva Cultural 1, 14h30, 16h45, 19h05 e 21h25
CLASSIFICAÇÃO ótimo

Nenhum comentário:

Postar um comentário