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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Reflexões em torno das próteses de silicone

130813-Marcha
Marcha das Vadias, São Paulo, 2012
Por que se tornaram febre, a partir dos anos 1980. Qual sua relação com machismo. O que alguns amores me ensinaram sobre elas 

Por Marília Coutinho, no Blogueiras Feministas

Todos os diálogos abaixo são reais.

Diálogo 1:

Casal jovem, em torno de seus vinte anos, na cama, logo após transar, início dos anos 80:

(ele) “Já pensou em fazer uma cirurgia?”

(ela) “Como assim?”

(ele) “Reduzir um pouco, uma plástica nos seios”.

Diálogo 2:

Duas mulheres, a primeira com próteses mamárias, a segunda não, ano de 2007:

(mulher 1) “Vou marcar consulta para você semana que vem no meu médico: sem condições você continuar com essas muchibas caídas”.

(mulher 2) “Vamos esperar um pouco”.

Diálogo 3:

Três mulheres, duas com próteses mamárias, a terceira sem, ano de 2007.

(mulher 3) “Como é que se escolhe a prótese?”

(mulher 1) “Foi meu marido que escolheu”.

(mulher 3) “Sério?”

(mulher 1) “É, ele gosta bem grande. Falo para ele que nem sei qual dos dois ele está chupando”.

(mulher 3) “Como assim?”

(mulher 1) “Não sinto mais muita coisa. Mas são lindos!”

Diálogo 4:

Casal de namorados, domingo de manhã, na frente do espelho, ano de 2006.

(ele) “Por que você não coloca próteses?”

(ela) “Não quero”.

(ele) “Por que?”

(ela, depois de um silêncio constrangedor) “Vários motivos. O primeiro é que vai me incomodar para correr. O segundo é o tempo de recuperação. O terceiro é que para o meu esporte acredito que possa ser perigoso com a pressão que a camisa de supino causa sobre as mamas”.

(ele) “Mas você poderia mudar de esporte”.

(ela) “Mais fácil eu mudar de namorado. Inclusive porque o quarto motivo é que esse espelho não me mostra nada faltando em mim – se mostra para você, você precisa de outra mulher”.

Diálogo 5:

Mãe e sua filha de uns cinco anos, ano de 1994.

(filha, olhando a mãe deitada) “Mãe, seus peitos parecem pizzas”.

(mãe) “É mesmo, filha?”

Exceto pelo diálogo 1, que se passou entre uma amiga e seu namorado, todos os outros me envolveram. Eu sou a mulher sem peito de todos eles. Minha amiga era a mulher peituda do primeiro.

Nos anos 1980s, ainda persistia o padrão “Twiggy” de beleza feminina: anoréxica e “nadadora” (nada de peito, nada de costas, nada de lado). Nos anos 1990s e 2000s, o modelo formolátrico feminino foi cada vez mais sendo permeado pelo padrão “porn star”. Não há consenso quanto a esta alteração de padrão. Uma coisa parece evidente: a fronteira desenhada pelas marcas de distinção na estética sexual que separava as “mulheres de bem” das putas vem sendo borrada. A moça de classe média alta que, nos anos 1970s e 1980s reduzia as mamas cirurgicamente para melhor se enquadrar na estética elegante, hoje vai para a mesa cirúrgica em busca de mamas cada vez maiores.

Mamas grandes ou pequenas foram prescritas por padrões estéticos e ideológicos de maneiras diferentes. O resultado foi, como no caso da bunda, a instalação de síndromes de insatisfação corporal nas mulheres (praticamente todas) que desviassem deles.

Mas não quero falar sobre isso agora – vamos dar uma pausa e voltar ao tema depois de uma viagem por outro reino temático. Quero convidar minhas leitoras a me acompanhar numa reflexão sobre amor: peito e amor.

Peito e amor

Em 1989, eu tive um bebê. Uma menina de 3,450kg tirada de mim por cesariana, coisa que desconfio ter sido desnecessário. Assim que ela nasceu, um tipo de fera terrível emergiu de dentro de mim e eu tratei tudo e todos como ameaças potenciais. Nada muito tenso para mim. As feras não são tensas. Era uma atitude irracional e impermeável a negociação de decidir sozinha tudo que dissesse respeito ao bebê. Começou na maternidade, onde, mesmo sob anestesia, de noite, eu obriguei o hospital a contrariar as ordens do obstetra (que contrariou o combinado comigo) e me trazer o bebê: era meu, eu que tinha feito, eu mandava, ponto final. Ganhei a simpatia das enfermeiras e o medo (justificado) do médico.

Foto de Marília Coutinho, arquivo pessoal. Publicada com autorização.

Me foi recomendado pelo médico – sujeito sem filhos, sem útero e sem mamas – que eu não ficasse “pegando o bebê toda hora que ela resmungasse” e que a amamentasse de três em três horas. Eu respondi que a mãe era eu, a bióloga era eu e que o papel dele já tinha terminado – bye bye. Basicamente, minha filha mamou a cada 45 minutos. Claro que machucou os mamilos: é esperado. Também claro que em uma semana já estavam cicatrizados.

A primeira mamada “para valer” de um bebê é meio assustadora para a mãe. O pessoal não explica que o bebê não suga, e sim cria pressão negativa com a boca (como uma ventosa) e estimula a mama a despejar leite nela. Tudo é um pouco desajeitado nesse começo: um peito esguicha leite na boca do bebê enquanto o outro dói pacas ou então resolve espirrar leite pelo mundo.

Na maternidade

Os malditos manuais de instrução que dão para nós falam de cinco minutos em cada peito, ou até dez, quando na realidade tudo depende de fatores como o esfíncter do canal e não sei que outros. Minha filha dava conta de sua quota de leite em cinco minutos totais. Isso me obrigava a arrancá-la (fazia um barulho como “pphhhh”, como um desentupidor de pia) de um dos peitos em dois minutos, disparando nela urros de frustração, acoplá-la rapidamente no outro (isso tudo demorava menos de três segundos) e – ufa! – esperar que ela se entupisse de leite. Aí era só erguê-la para escorrer o excesso (também chamado de colocar o bebê para regurgitar).

Cinco meses

A curva de aprendizado de mãe com essas coisas é muito rápida. Em pouco tempo, a parte desajeitada é minimizada e desaparece. Não existe mais dor nenhuma (uma semana no máximo). Tudo seguindo nos conformes, amamentar vai se tornando uma das coisas mais legais que existe. São os momentos “a-há” mais significativos, quando a gente se dá conta de que aquela coisinha é absolutamente humana e está se comunicando com a gente, fazendo contato olho-com-olho. Também são os momentos mais animais e íntimos que uma mulher jamais terá com seu filho depois da gravidez. O período de amamentação é uma espécie de fase de adaptação da mãe à sua nova condição externa. Acreditem: racionalizada ou não, é esquisita. O bebê estar fora da gente gera um certo desconforto e angústia, que são atenuados durante a amamentação.

Os peitos ganham um significado que nunca tiveram para quem não tinha tido filhos antes. Um bebê é uma fábrica de tecido novo: come muito, faz muito cocô, aprende muito. Enquanto ele mama, você tem a atenção dele só para você. Sim, mães podem ser egoístas, possessivas, uma porção de coisas erradas. Mãe é uma mulher que teve filho – só isso. Toda a tralha neurótica vem junto. Em geral fica pior. Sem Melanie Klein agora: estamos falando do peito para a mãe. Para a mãe o peito é pura conexão. A cada três horas ou por aí, seu filho e você voltam a ser um sistema só através do peito. Peito produz leite e até nosso apetite e gosto alimentar mudam em função disso. Somos fabricantes do melhor alimento da galáxia e nossos peitos só podem ser lindos. Eu achava os meus sensacionais.

Filho é a experiência mais intensa de amor incondicional que a gente tem. O leite produzido pelo peito cimenta o momento de intimidade com o sujeito desse amor. É inevitável que seja uma parte privilegiada da nossa anatomia durante a amamentação. Das inúmeras coisas ambivalentes e paradoxais que eu fiz, uma delas era orgulhosamente amamentar em qualquer lugar em que eu estivesse. Era uma espécie de declaração da superioridade da minha relação com o bebê sobre todas as demais relações sociais: estamos no parque? Na USP? No banco? Não importava: eu tirava os peitos para fora e amamentava.

Esse período idílico tem um prazo. Seu filho cresce, desenvolve dentes, se transforma no ser onívoro que define nossa espécie e o leite materno vai sendo menos e menos importante. Um dia a criança desmama. Algumas mulheres passam por isso bem, outras não. Eu lembro que passei uns dias muito triste e confusa. Me senti um pouco excluída de algo que era central. É a primeira grande exclusão que vivemos – se nossa relação for minimamente saudável com nossos filhos, seremos gradualmente excluídos de mais e mais domínios de suas vidas.

O problema é que essa exclusão muda nosso corpo mais uma vez: os peitos murcham. Aqueles peitos enormes, lactíferos, voltam a ser os seios que tínhamos antes ou até menores.

E o que eram esses peitos pequenos ou grandes antes da amamentação e depois dela? Que significado eles tinham e voltam a ter para nós?

Pensando bem, também tinham significados de amor e prazer – apenas formas diferentes de amor e prazer. Pensemos na forma e função desta nossa estranha glândula externa: a maior parte do volume visível do seio é tecido gorduroso. Durante a gravidez e amamentação, as glândulas mamárias propriamente ditas aumentarão, dando maior volume ao seio. Com o passar dos anos, a quantidade de gordura se reduz e o tecido ligamentar que dá sustentação ao seio se torna menos elástico: os peitos ficam mais moles, “caídos”.
anatomia_seio

Anatomia do seio

Os mamilos contém corpúsculos de tecido nervoso (tipos de mecanoreceptores) que os tornam zonas erógenas particularmente sensíveis. Além disso, o seio inteiro é coberto por uma rede nervosa capaz de responder a estimulação, independente do tamanho. Assim, segundo dados anatômicos, seios menores são mais sensíveis pela maior concentração deste tecido nervoso pela área total. Primeira evidência sobre a não-correspondência entre o papel do peito para a mulher e sua forma prescrita pela indústria da beleza do patriarcado.

A estimulação dos mamilos produz uma intensa produção de ocitocina (apelidada de “a molécula moral” ou “do amor” por estar associada a comportamentos empáticos) e de prolactina. Naturalmente, produz excitação sexual.

A esta altura do século XXI me parece redundante insistir que existe alguma relação entre empatia, amor e sexo. Lembrar que a estimulação do mamilo tanto pela amamentação quanto por contatos sexuais leva à produção de ocitocina é no mínimo interessante.

Assim, aqueles peitos que produzem leite para bebês produzem respostas de amor e aceitação sexual para parceiros, independente de suas formas e tamanhos.

Destas quatro coisas diferentes que o peito representa para nós – amor na troca com o filho, prazer nessa troca, amor no afeto com parceir@s e prazer sexual – , só uma tem significado para a indústria da beleza: a última.

Não é necessário citar referência nenhuma para afirmar com bastante convicção que o que interessa ao parceiro sexual num peito é o resultado excitatório de sua manipulação.

Agora sim podemos voltar aos diálogos que abriram este artigo.

A implantação de prótese mamária: entre a modificação corporal e a auto-mutilação

A história da cirurgia plástica para aumento de seios tem um registro controvertido, no mínimo. A maior parte das cronologias documentam as situações litigiosas e aspectos regulatórios do procedimento. Observando estas linhas do tempo, o que vemos é que desde os anos 1960s os implantes de silicone eram disponíveis. Só ganharam popularidade, no entanto, após os anos 1980s e principalmente 1990s.

Os números, então sobem exponencialmente. Mesmo a crise econômica apenas afetou marginalmente o setor estético, em particular o de próteses mamárias. Em 2011, estima-se que só nos Estados Unidos, há 5-10 milhões de mulheres com implantes mamários e que em 2009, as cirurgias de implante mamário representavam 17% do total de cirurgias plásticas.

O que nos dizem estes números? Que aqueles diálogos lá em cima refletem construções sociais historicamente contextualizadas. O primeiro diálogo se passou entre um casal de namorados de classe média alta, mais especificamente o que chamaríamos de “aristocracia paulistana”, no início dos anos 1980s. O namorado da moça, potencial marido da senhora elegante e aristocrática, sugeriu que seria mais adequado uma estética menos vulgar e, portanto, seios menores.

Alguém poderia argumentar que esse era o interesse do rapaz considerando que a moça era uma potencial esposa, mas se fosse uma puta ou sexo casual com uma mulher de estrato sócio-econômico desprivilegiado, ele não se oporia ao peitão. Talvez até o aplaudisse. Bobagem: isso são suposições e um experimento mental sem sentido. O fato é que mulher interessante é contextualmente interessante. A mulher interessante nos anos 1970s e 1980s tinha peito pequeno e as cirurgias estéticas satisfaziam essa demanda.

Pelas cronologias acima, prostitutas sempre procuraram aumentar as mamas desde que as cirurgias para implante de próteses estiveram disponíveis.

Assim, o aumento da demanda, nos anos 1980s e 1990s, refletindo uma busca massiva de cirurgias de prótese mamária pela classe média, mostra que o que já era uma tendência entre as prostitutas se expandiu: o padrão “porn” virou quase “chic”. Brincadeiras à parte, o pudor com a vulgaridade foi aposentado e todo mundo passou a se submeter à imposição formolátrica do ideal “Barbie”: peitão.

Os diálogos 2 a 5 se passaram comigo. Meus peitos são pequenos e, depois de me tornar atleta, com a redução geral de gordura corporal, se tornaram menores ainda. Durante um tempo, eu aceitava como fatalidade que um dia teria que colocar próteses. Afinal, eu não era defensora do direito à modificação corporal? Todo mundo não tinha direito de construir e re-construir seu corpo segundo seu arbítrio? Piercings, tatoos e, por que não, próteses? As mulheres transgêneras não buscam cirurgias de prótese mamária para construir seus corpos segundo os gêneros que também constroem? Os homens transgêneros não têm agora a incrível cirurgia de faloplastia? Onde fica a fronteira entre a (auto) mutilação e a modificação-construção corporal?

A resposta ficou clara quando consegui entrar em contato com a minha emoção. Não: eu não queria peitos maiores. Eu nem acho bonito em mim os imaginários peitos maiores. Os enormes peitos cheios de leite que eu um dia tive eram lindos. Os minúsculos peitos que eu tenho agora são legais. A minha intenção de me submeter a uma cirurgia de prótese mamária era uma submissão ao desejo de todos os outros que me cercavam – mulheres e homens -, que rejeitavam os meus peitos pequenos.

Não foi (e não é) nada fácil admitir que eu não acho bonito peito grande em mim e que, portanto, não vou fazer cirurgia nenhuma. A resposta que dei no diálogo 4 veio depois de muito sofrimento. E depois dessa, tive outros namorados com igual falta de sensibilidade. Digo mais: igual falta de educação sexual.

Pois o que o diálogo 3 – da mulher cujo marido escolheu próteses gigantescas – reflete é real: ocorre um certo grau de perda de sensibilidade. Essa perda é proporcional ao tamanho da prótese, entre outros fatores. Que homens são estes para quem o tamanho obsceno da mama, imposto pela indústria pornográfica – Ups ! – digo, da beleza, é mais importante do que a resposta sexual que a parceira dá à sua estimulação? Homens educados por filme pornô, só pode.

Segundo os dados disponíveis, a perda de sensibilidade varia muito. Amortecimento não deveria passar de 5-8% dos casos. Não sabemos: simplesmente não encontrei estudos confiáveis. Não acho que interessa a ninguém que este dado seja disponibilizado.

Outro dado que deve ser lido com muita cautela é a relação entre prótese mamária e suicídio. Um estudo longitudinal feito na Suécia mostrou que as taxas de suicídio entre mulheres que se submeteram a implantes mamários são bem mais altas do que na população em geral. Nos primeiros 10 anos após o implante, o risco é “notavelmente mais alto”. De 10 a 19 anos depois do implante, o risco sobe para 4,5 vezes o da população em geral. Depois de 20 anos, o risco sobe para 6 vezes o risco na população. O que estes números mostram é apenas uma relação entre um fenômeno e outro. Não sugerem que um seja causa do outro. O mais provável é que ele indique outra relação causal subjacente, ou seja, que existe uma relação entre certas desordens psiquiátricas e a busca por implantes mamários. Isso não quer dizer, de forma alguma, que a busca pelo implante mamário sugira uma desordem psiquiátrica. Diz apenas que deve haver uma maior proporção de portadoras de alguma desordem entre as mulheres que buscam os implantes do que nas que não buscam. Ponto final.

Nesta perspectiva cautelosa, não é possível deixar de olhar estes números com certo alarme. O mínimo que eles dizem é que existem motivações, por parte de um segmento das mulheres que se submetem aos implantes, que não são benignas. Considerando a pressão social para que todas aumentem suas mamas, pressão essa que eu sofri e sofro até hoje, não acho muito difícil especular onde está o elemento escuro e maligno de tais motivações.

Peito e amor de novo

Uma das coisas que marca as memórias boas que tenho dos grandes amores foi a insistência (e, muitas vezes, paciência) que esses homens tiveram para me convencer a abrir a guarda em relação aos meus minúsculos peitos. Com um mundo lá fora dizendo que eles são errados, que eu deveria ter grandes peitos de plástico, nem toda a racionalização feminista de que me orgulho me protegia nesse momento. Eu estava ali, exposta à rejeição muitas vezes irresistível do parceiro sobre quem a ideologia dominante poderia ter sido mais forte. Estes homens especiais conseguiram me convencer de que o interesse deles nos meus peitos (minúsculos) era legítimo e muito bem fundamentado na resposta que eles buscavam. Pouco lhes importava o tamanho dos peitos: eles eram meus e a minha resposta era o que confirmava que eles eram por mim aceitos e amados.

Como eu disse a alguns deles, a vagina é aquele túnel escuro que leva ou não o passageiro para o fundo da alma de uma mulher. E os mamilos são as luzes de confirmação da viagem:

“Houston, we’re ok to go” (Houston, estamos prontos para partir)

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Autora

Marília Coutinho é atleta profissional de levantamento de peso, bióloga, bioquímica, doutora em sociologia da ciência e atua em ciências do esporte. Seu site: http://www.mariliacoutinho.com/

http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/reflexoes-em-torno-das-proteses-de-silicone/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=reflexoes-em-torno-das-proteses-de-silicone

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