A violência contra meninas e meninos frequentemente não é vista, ouvida ou denunciada, disse o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) nesta quarta-feira (31) ao anunciar uma iniciativa que convoca cidadãos, legisladores e governos a se pronunciar de forma mais contundente em relação à violência contra crianças e adolescentes.
A iniciativa foi criada no contexto da crescente indignação popular após os terríveis ataques ocorridos em todo o mundo como os disparos contra a adolescente Malala Yousafzai no Paquistão em outubro de 2012; o assassinato de 26 alunos e professores em Newtown, Estados Unidos, em dezembro de 2012; e os estupros coletivos de meninas na Índia e na África do Sul em 2013.
“Em cada país, em cada cultura, há violência contra meninos e meninas,” disse o diretor executivo do UNICEF, Anthony Lake. “Sempre que crianças são feridas e onde quer que elas estejam, devemos mostrar e expressar nossa indignação e nossa raiva. É preciso que tornemos o invisível visível.”
Essa é a principal mensagem da iniciativa de enfrentamento da violência contra meninos e meninas lançada pelo UNICEF. A campanha pede que todos reconheçam a violência contra crianças e adolescentes, unam-se a movimentos globais, nacionais ou locais para acabar com ela e impulsionar novas ideias voltadas para ações coletivas pelo alcance desse objetivo.
O lançamento foi marcado pela divulgação de um vídeo narrado pelo ator e embaixador do UNICEF Liam Neeson. O vídeo mostra ao espectador uma série de cenas que representam a violência invisível. “Esta é uma menina de 15 anos sendo estuprada por várias pessoas”, diz ele enquanto a câmera mostra um local abandonado. “Este professor está batendo em um menino que respondeu a ele, enquanto o resto da turma assiste a tudo.
“Só porque você não consegue ver a violência contra crianças, não significa que ela não exista”, diz Neeson. “Torne o invisível visível. Ajude-nos a fazer a violência desaparecer. Una-se a nós. Levante sua voz!”
Cerca de 150 milhões de meninas e 73 milhões de meninos menores de 18 anos sofreram violência e exploração sexual, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Estima-se que, a cada ano, 1,2 milhão de meninos e meninas sejam vítimas de tráfico de pessoas, segundo relatório de 2005 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
A violência não apenas causa ferimentos físicos, mas também deixa marcas psicológicas. Ela afeta a saúde física e mental, comprometendo a capacidade de aprendizagem e socialização, prejudicando o desenvolvimento.
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