Contribua com o SOS Ação Mulher e Família na prevenção e no enfrentamento da violência doméstica e intrafamiliar

Banco Santander (033)

Agência 0632 / Conta Corrente 13000863-4

CNPJ 54.153.846/0001-90

domingo, 11 de agosto de 2013

DILMA COMBATERÁ O GENOCÍDIO DA JUVENTUDE NEGRA?

Mae-chora-morte-de-filho-640x408
“(..) era finados, eu parei em frente ao São Luiz, do outro lado,
e durante uma meia hora olhei um por um
e o que todas as senhoras tinham em comum:
a roupa humilde, a pele escura, o rosto abatido pela vida dura,
colocando flores sobre a sepultura
podia ser a minha mãe, que loucura…”
Racionais – Fórmula Mágica da Paz


Na última segunda-feira, dia 5 de agosto, a presidenta Dilma sancionou o Estatuto da Juventude. Na prática, essa Lei compila direitos dos jovens com idade entre 15 e 29 anos e reafirma os direitos já previstos nas áreas da educação, cultura, saúde e trabalho.
Dilma
A aprovação do Estatuto é simbólica na medida em que há o reconhecimento por parte do Estado de que a juventude precisa de um olhar mais específico e cuidadoso. Mas o conteúdo do documento traz também controvérsias, sobretudo em relação ao direito a meia-entrada e ao desconto em ônibus intermunicipais – vetado por Dilma – temas que refleti em outro texto.
O que me trouxe ao teclado foi a intervenção do rapper GOG e do ator Érico Brás, em rápida participação, e a entrega de uma carta assinada por mais de 80 artistas, onde fora exigido o fim do genocídio da juventude negra; e a reação – se combinada ou espontânea, não sei – da presidenta.
Sem saída, Dilma quebrou o silêncio sepulcral dos chefes de Estado sobre a barbárie que vivemos no Brasil: “Eu considero que essa talvez seja a questão mais grave que a juventude brasileira passa, porque ela mostra um lado com que não podemos conviver pacificamente, que é o da violência contra a juventude negra e pobre” disse ela. E completou: “Não sou uma pessoa que deixei os meus compromissos democráticos quando assumi a presidência. Por isso, uma das coisas que eu considero mais graves no Brasil hoje é a violência contra a juventude. É o lado mais perverso”.
UNEafro
Muito bem! No décimo ano de governo de seu partido, é certo que não se trata da primeira vez que a presidenta tenha ouvido dizer que dezenas de jovens negros são assassinados todos os dias no Brasil. Acredito que Dilma saiba que grande parte desses homicídios são promovidos pelas polícias e grupos de extermínio compostos por policiais.


Tampouco é novidade os números arrasadores que demonstram a “afrocarnificina” crescente, que desgraçadamente atingiram índices de guerra. O Mapa da Violência 2013 denunciou que entre 2002 e 2010, dos 467,7 mil homicídios contabilizados, 65,8% foram de pessoas negras. Enquanto o índice de brancos assassinados diminuiu 26,4%, o de negros aumentou 30,6%.
Nessa conta, não constam os números relativos aos 130 mil homicídios dos últimos 15 anos, que não foram oficialmente contabilizados, agora divulgados pelo Ipea, o que eleva o índice de mortes à estratosfera.
Reaja_faixa
A solidariedade e a comoção empregada aos jovens de classe média e alta em seus momentos de dor, seja em tragédias de boates ou em protestos de asfalto, contrastam com a irrelevância do funkeiro assassinado em pleno palco ou da chacina nossa de cada de cada dia, na porta do bar ou na esquina de casa.


O assassino não pergunta ao pretinho se é assistido pelo bolsa família; se está matriculado no curso técnico; se frequenta o projeto social da Ong do bairro; se foi cabo eleitoral do deputado eleito pelo distrito; se está inscrito para a prova do Enem; ou se já marcou a entrevista no balcão de empregos da central sindical.
Levar políticas públicas para os “territórios de vulnerabilidade”, como propõe o programa Juventude Viva – que tem a missão diminuir o número de mortes entre jovens negros, é importante e necessário, mas insuficiente. Seria como alimentar o refém para que aguente a próxima sessão de tortura.
Se a presidenta quer combater o genocídio da juventude negra como disse, precisa ouvir a ONU e a Anistia Internacional e dar fim à Polícia Militar. Precisa desconstruir sua política homicida de segurança pública que tem nas UPP’s seu modelo padrão e como resultado o aumento do desaparecimento de civis. Aliás, Dilma (e seu aliado Cabral), cadê o Amarildo?
LeloFimdoExterminio
Faça Dilma! Guarde coerência entre o discurso e a prática ao menos em relação à população negra e terá nosso apoio! Ouça os grupos que tem insistentemente denunciando o genocídio da população negra nos vários estados brasileiros, como o Reaja na Bahia, o Fórum Estadual da Juventude Negra (Fejunes) do Espírito Santo, o Comitê de Luta Contra o Genocídio, que há anos construímos em São Paulo, e movimentos como MNU, UNEafro-Brasil, Círculo Palmarino, Mães de Maio, entre tantos outros. Ouça e faça! Vocês governantes de hoje e elites históricas desse país nos devem muito mais do que podem pagar!

Nenhum comentário:

Postar um comentário